O médico-veterinário e conhecido cirurgião paranaense Alceu Athaide, morreu nesta quarta-feira, dia 12, em São Paulo. Ele estava internado há alguns dias na unidade de terapia intensiva do Hospital Sancta Maggiore, no bairro do Itaim Bibi. O velório será realizado nesta quinta-feira, dia 13, no cemitério Valle dos Reis, localizado à Rodovia Régis Bittencourt, 5901, km 275,5, no Jardim das Oliveiras, município de Taboão da Serra (SP), das 14h às 15 horas, seguindo-se a cerimônia de cremação.
Alceu Athaide chegou a São Paulo em 1966, e logo despontou com novas técnicas cirúrgicas que o tornaram uma referência internacional. Formado pela Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Paraná, ele foi, entre 1959 e 1966, professor de clínica e técnicas cirúrgicas da mesma instituição. Em entrevista à Revista Saúde Equina, em 1999, Athaide contou que a primeira cirurgia que realizou na capital paulista foi no derby-winner Quiz, do Haras São Bernardo. Sem equipamentos apropriados, ele retornou a Curitiba e pediu o material para o médico-ortopedista Aramys Bertholdi, que depois exerceria a presidência do Jockey Club do Paraná.
O cavalo se recuperou, mas o Barão e a Baronesa Von Leithner preferiram destiná-lo à reprodução, sendo então vendido para o Haras Castelo, de Jaguariúna (SP). A cirurgia, no osso metacarpiano principal esquerdo, foi registrada pelo afamado veterinário francês Octávio Dupont em seu livro como a primeira do gênero no país. A partir daí, Alceu se tornou conhecido e passou a atender e fazer cirurgias para os principais haras brasileiros, e também na Sociedade Hípica Paulista e no Club Hípico de Santo Amaro.
Alguns casos ficaram famosos e foram registrados pela imprensa. Como a cesariana com produto vivo realizada no Departamento de Veterinária do Jockey Club - a primeira que se teve conhecimento no Brasil e que foi registrada nas páginas das revistas Turf & Fomento e Globo Rural. Registro também para o atendimento de emergência feito ao cavalo Boticão de Ouro, logo após sofrer uma fratura nas corridas, que ganhou uma página de destaque no jornal O Estado de S. Paulo.
Em uma ocorrência rara de se ver no dia-a-dia, um cavalo da Polícia Militar de São Paulo foi baleado e levado ao Jockey. O projétil entrou transversalmente nas costelas e se fixou perto dos pulmões do animal. Na dificuldade observada de chegar à bala para retirá-la, Alceu Athaide projetou na hora uma ferramenta longa que foi imediatamente produzida na serralheria do Jockey Club, salvando assim o equino da Cavalaria da PM.
Em 1997, em conjunto com o veterinário Bernardo Manzione Espinhal, Athaide operou o cavalo norte-americano Deliquent Type, um filho da campeã Immensity ganhador de três corridas consecutivas (de um total de seis), em uma cirurgia para colocação de quatro parafusos na canela direita. Depois de recuperado, o cavalo conseguiu voltar às pistas e ainda seguiu para a reprodução.
Alceu Athaide também foi criador, sócio do Haras Novo Mossoró (PR), e, com atuação política, exerceu a presidência da Associação Nacional de Proprietários de Cavalos PSI (1988-90).