A guerra comercial agora invade o espaço

Foram-se os tempos de Guerra Fria. Bem-sucedidos em suas atividades no planeta terra, empresários como Richard Branson, Jeff Bezos e Elon Musk querem dominar o espaço

Quando o empresário Richard Branson decolar com sua aeronave VSS Unit neste domingo, dia 11, os mais jovens irão vibrar com essa jogada arrojada do empresário que, no fim dos anos 70, apostou suas fichas no movimento punk e lançou a banda Sex Pistols, cultuada até hoje no mundo do rock. Já os mais velhos, terão nas lembranças o momento em que o astronauta norte-americano Neil Armstrong pisou na lua, em 1969, com a Apollo 11; ou no dia do primeiro contorno pela órbita da Terra, feito pelo cosmonauta russo Iuri Gagarin a bordo da nave Vostok 1, em 1961.

Os tempos de Guerra Fria entre EUA e URSS ficaram para trás. Agora, presenciamos uma nova "corrida espacial", só que protagonizada por empresários de alto poder financeiro, voltados à exploração de novos negócios e do turismo. Se tudo correr como anunciado à imprensa, Branson decola neste domingo a bordo de sua nave para sacramentar um negócio iniciado em 2004. "Depois de 17 anos de pesquisa, engenharia e inovação, a indústria comercial do espaço está pronta para mostrar ao mundo uma nova era de prosperidade para a humanidade", postou o empresário em sua página do Instagram.



Virgin Galactic
Imagem: Virgin Galactic/Divulgação


Recém-eleito o homem mais rico do mundo pela revista Forbes, Jeff Bezos, ex-CEO e atual presidente do Conselho da Amazon, vai embarcar, no próximo dia 20/7, no primeiro voo tripulado de sua companhia espacial, a Blue Origin. A viagem será feita na cápsula New Shepard, ao lado do irmão Mark Bezos. Outras pessoas foram convidadas ou participaram de um leilão dos assentos, sendo que um dos lances alcançou US$ 28 milhões. Na "briga" pelos holofotes com Richard Branson, o fundador da Amazon diz que, para compensar que lançará sua nave depois do "concorrente", fará uma viagem de maior distância na órbita da terra.

Em comparação aos rivais, Bezos é considerado um investidor mais cauteloso a nova área, já que fundou sua companhia espacial no ano de 2000, antes que Branson e Elon Musk. Desde 2016, antecipando-se ao movimento de saída da operação da Amazon, ele vem investindo US$ 1 bilhão por ano para manter a Blue Origin em atividade. A recompensa começou a chegar. A companhia espacial assinou contratos com o governo do Estados Unidos para desenvolver foguetes usados pela Força Aérea.

O terceiro empresário a anunciar um voo espacial é o sul-africano Elon Musk, que abriu a SpaceX em 2002. Um dos fundadores da plataforma de meios de pagamento PayPal e hoje dono da Tesla, ele já lançou vários foguetes não tripulados ao espaço e, assim como Jeff Bezos, conquistou contratos com a Força Aérea dos Estados Unidos e também com a agência espacial argentina para colocar satélites em órbita, além de estar no páreo também em conversações com a Nasa - aparentemente mais avançadas do que as de Bezos.

Os planos de Elon Musk são os mais arrojados, e por isso também mais demorados. Sua primeira expedição deve sair apenas no final deste ano, e ainda não está definido qual alcance terá. É que seus planos futuros são de pousar em Marte - ele afirma inclusive que espera um dia viver em um assentamento no planeta vermelho, embora tenha dito que não pretende ser tripulante nas primeiras expedições.

O começo dessa disputa comercial e espacial poderá ser acompanhado neste domingo, ao vivo pela página da @virgingalactic no Instagram, a partir das 9 horas da manhã (horário de Brasília).