Jockey Club de São Paulo | Imagem: Divulgação JCSP
Prefeitura terá que considerar em qualquer projeto que parte da área é tombada pelo Patrimônio Publico

Prefeitura terá que considerar em qualquer projeto que parte da área é tombada pelo Patrimônio Publico

Cyro Queiroz Fiuza

Na votação da revisão do novo Plano Diretor Estratégico da cidade de São Paulo, dia 26 de junho, o presidente da Câmara Municipal, Milton Leite, incluiu no projeto a transformação em parque do terreno de 600 mil metros quadrados do Jockey Club de São Paulo, no bairro de Cidade Jardim, onde está localizado o Hipódromo Paulistano.

A criação do parque, batizado de João Carlos Di Genio, permite à gestão do prefeito Ricardo Nunes declarar a utilidade pública do imóvel. Segundo o presidente da Câmara, o local seria tomado pelo município como pagamento da dívida de R$ 400 milhões em IPTU e de R$ 240 milhões de ISS. Dívidas essas que o Jockey questiona, tanto o mérito como os valores.

Transformando-se em parque, o terreno ficaria potencialmente inviabilizado para a construção civil. Isso porque o terreno passaria à condição de uma Zepam, ou zona especial de preservação ambiental, onde não se pode construir. Sem potencial construtivo, a área perderia o valor em meio à forte especulação imobiliária que avança sobre a região do entorno - Pinheiros, Butantã e Morumbi.

Por outro lado, o espaço poderia entrar em uma concessão, quando é permitida a exploração comercial. Caso do Parque do Ibirapuera e do Parque do Povo, ambos na zona sul da capital, e do estádio do Pacaembu, próximo à região central. No velho estádio Paulo Machado de Carvalho, a utilização de longe não se restringiu à exploração comercial, já que profundas intervenções na construção original foram e continuam sendo realizadas pelo concessionário.

Outro empecilho para se criar projetos imobiliários seria a limitação imposta pelo tombamento das arquibancadas e da pista do hipódromo. O conjunto integra o patrimônio histórico municipal e estadual da cidade. Inaugurado em janeiro de 1941, o Hipódromo Paulistano foi projetado pelo arquiteto Elisário Bahiana, em estilo art déco, e duas décadas depois sofreu uma grande remodelação pelas mãos do arquiteto francês Henri Sajous.

Atualmente, esse patrimônio vem passando por um grande projeto de restauro, patrocinado por incentivos fiscais estaduais e federais obtidos pelo Jockey Club de São Paulo. Além das instalações, o mobiliário antigo, mais painéis e até os afrescos do artista italiano Victor Brecheret, também passam por restauração que já avança por três anos de trabalho.