Operação ainda precisa passar por aprovação do Banco Central e do Cade
As ações ordinárias do Banco de Brasília, o BRB (BSLI3), subiam 100% há pouco na B3, no primeiro dia de negociação após o anúncio de que a instituição financeira estatal vai comprar o banco Master. A valorização expressiva acontecia com apenas 55 ordens de venda realizadas.
O volume alcançava R$ 332 mil, giro considerado baixo, mas ainda assim 37 vezes maior do que o negociado na última sexta-feira, de R$ 8,9 mil.
Com essa valorização expressiva, as ações ordinárias do BRB entraram em leilão após atingir a cotação de R$ 13,78.
Já os papéis preferenciais (BSLI4) subiam, às 11h43, 89,46%, com apenas 164 operações, a R$ 12,94.
Na última sexta-feira, logo após o fechamento do mercado, o Banco de Brasília (BRB) confirmou que seu Conselho de Administração aprovou por unanimidade a compra do Banco Master, conforme antecipado pelo colunista Lauro Jardim.
Em fato relevante, o BRB afirmou que o preço a ser pago pela instituição será equivalente a 75% do patrimônio líquido consolidado do Master. Segundo fontes, o negócio foi acertado por R$ 2 bilhões.
É esperado para hoje a publicação do balanço anual do BRB, quando então será possível saber com mais precisão o valor do patrimônio líquido do Master.
O banco estatal irá adquirir 49% das ações ordinárias e 100% dos papéis preferenciais, totalizando uma fatia de 58% do capital do Master. O negócio inclui duas também duas operações do Master, o Will Bank e o Credcesta.
Chamou a atenção dos analistas o desenho da operação, com o BRB comprando o banco porém sem deter o seu controle acionário, já que terá apenas 49% das ações ordinárias. Além disso, o BRB é um banco de porte menor do que o Master.
Dados do Banco Central informam que o Master possui 10,28 milhões de contas abertas, enquanto o BRB afirmou por meio do fato relevante que conta com 8,9 milhões de clientes.
O mercado financeiro não foi surpreendido com o anúncio de venda do Master, já que o banco enfrentava dificuldade de captação de recursos e vinha pagando taxas muito acima dos rivais, de 140% do CDI em seus CDBs (títulos de crédito emitidos pelos bancos). Mas foi uma surpresa o perfil do comprador, sobretudo por ser um banco público.
O Master oferecia seus CDBs com argumento de que o Fundo Garantidor de Crédito (instituição mantida pelos bancos que socorre clientes em caso de dificuldade) garantia os papéis até R$ 250 mil.
No último balanço, referente ao primeiro semestre de 2024, o total de CDBs emitidos era de R$ 40 bilhões. O patrimônio do FGC, mais recente, era de R$ 132 bilhões. Na prática, se o Master atravessasse dificuldades, um terço do FGC seria usado para pagar clientes do banco.
O Globo
https://oglobo.globo.com/economia/negocios/noticia/2025/03/31/acoes-do-brb-sobem-100percent.ghtml