A operadora Oi vendeu na semana passada um lote de oito mil torres de telefonia fixa pelo valor de R$ 1.697 bilhão. A compradora foi a Highline, dona do maior lance em um leilão que acabou não tendo concorrentes - as duas outras gestoras de torres que se inscreveram não compareceram à hasta pública, a American Tower do Brasil e a IHS Brasil.
Com uma dívida acumulada de R$ 65 bilhões, a Oi, que já foi considerada a maior concessionária de telefonia fixa e móveldo país, teve seu plano de reestruturação solicitado em junho de 2016 e aprovado em dezembro de 2017, naquele que é considerado o maior caso de recuperação judicial (RJ) da história empresarial do Brasil.
Passados cinco anos, a operadora caminha para concluir sua RJ, agora que foi feita a última venda prevista em todo o processo. Como uma empresa menor, a Oi passa a focar nos serviços de fibra ótica. Essa diminuição do conjunto de ativos teve a sua maior negociação com o repasse da Oi Móvel, vendida de forma fatiada para Vivo, Claro e TIM, as grandes concorrentes do setor, num negócio concluído em 2022, antes que as três entrassem na concorrência pelo Sistema 5G.
O desmonte não ficou só na operação de telefonia móvel, que angariou para os cofres da empresa a vultosa quantia de R$ 15,9 bilhões. A empresa também se desfez de 630 torres de celulares (R$ 1 bilhão), data centers (R$ 325 milhões), TV por assinatura via satélite (R$ 786 milhões - ainda à espera de aval dos órgãos reguladores).
A jogada mais arrojada desse processo da recuperação da Oi foi a segregação da rede de fibra em uma empresa nova, hoje chamada de V.tal. A telecom vendeu por R$ 12,9 bilhões a fátia de 51% dessa empresa para o BTG Pactual. Com um sócio do sistema financeiro, a companhia conta que a nova companhia possa investir mais na expansão de serviços pelo país. O plano é aportar R$ 30 bilhões nos próximos quatro anos, como adiantou Rodrigo Abreu, presidente da Oi.
A V.Tal já nasceu robusta, pois tem 400 mil quilômetros de fibra instalados e quer chegar a 34 milhões de casas. A Oi avalia que a V.tal tem valor de mercado de R$ 20 bilhões. No arranjo final com o BTG, a operadora ficou com 34% da companhia.
"A venda do lote de torres fixas para a Highline é um dos últimos eventos previstos antes do fim do processo de recuperação judicial da companhia, ao lado da formalização do processo de venda da base de assinantes DTH (TV via satélite)", informou Rodrigo Abreu, em nota da empresa.
O executivo, que está à frente do processo de recuperação desde o seu início, concluiu que "essa venda permite a injeção de novos recursos na companhia e traz um potencial aporte adicional em três anos, com flexibilidade quanto ao uso e obrigações futuras das torres vendidas, em função da evolução da sua necessidade operacional."