O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso | Imagem: Divulgação
FHC defende frente ampla nas eleições e inclui o PT

FHC defende frente ampla nas eleições e inclui o PT

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) disse hoje, em entrevista ao jornal O Globo, que entende que o seu partido deve se integrar às manifestações de frentes de oposição contra o governo de Jair Bolsonaro. A declaração vai contra a postura de alguns líderes tucanos que se ocupam agora de preparar as prévias que escolherão, em novembro, o candidato à presidência entre os governadores João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS), o senador Tasso Jeraissati (CE) e o ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio. Esses líderes sinalizam que existe resistência interna à adesão aos atos junto com o PT, entre outras siglas.

"Não importa quem convoque. Havendo uma convocação que seja possível participar, dizer o que pensa é bom", afirmou Fernando Henrique na entrevista. Para ele, ainda que haja discordâncias entre as siglas, é possível criar uma frente ampla de partidos contra Bolsonaro. Mesmo com a participação do PT, não há impedimento para que isso ocorra, acredita o ex-presidente.

Os próximos protestos contra o presidente Jair Bolsonaro estão previstos para o dia 2 de outubro, com a participação de partidos como PT, PSOL e PCdoB, além de outros de centro como Cidadania, Rede e Solidariedade, PDT e PV. A Central Única de Trabalhadores (CUT) também deve marcar presença.

"É bom que se crie uma frente ampla. Que haja diversidade de opiniões, mas que sejam todas a favor da democracia. Eu não discrimino (o PT). O PT não é intrinsicamente contra a democracia. Nunca foi. O governo do PT muitas vezes dava a sensação de (ser). Mas não há um sentimento genuíno do PT de ser contra a diversidade de opiniões", afirmou Fernando Henrique.

Embora o ex-presidente avalie que o governo Bolsonaro ameace a democracia em atos de raiz golpista, como no 7 de Setembro, ele não vê risco de ruptura institucional. Mesmo que ele (Bolsonaro) queira é difícil dar golpe no Brasil. Não conheço Bolsonaro, nunca o vi na vida, nem desejo. Mas acho que tem uma mentalidade simplista. Mesmo que tenha essa ideia não vai conseguir. Se não tiver um programa que contemple a maioria da população é difícil que a coisa avance", disse.

Sobre as prévias presidenciais do PSDB rumo às eleições de 2022, o ex-presidente afirmou que o candidato indicado pela legenda terá condições de vencer as eleições se tiver capacidade de unir o país e nacionalizar seu nome. Até agora, a disputa interna está afunilada entre João Doria e Eduardo Leite. Os outros dois candidatos, Tasso Jereissati e Arthur Virgílio, não têm feito campanha.

"Para ser presidente da República tem que ter alcance nacional. Se tiver capacidade de somar, esse que tem a capacidade de ganhar". Eu fui presidente. Sei como é isso. Quem quiser impor uma particularidade não vai conseguir. Não vai ter apoio. Precisa transitar melhor na diversidade brasileira. Se for capaz disso, vai ter o meu voto", complementou FHC.