Imagem: Divulgação Consórcio Allegra Pacaembu
Reforma do Pacaembu começa com derrubada do tobogã

Reforma do Pacaembu começa com derrubada do tobogã

Concessão do estádio, que é um símbolo da cidade de São Paulo, é válida por 35 anos, e os investimentos previstos são da ordem de R$ 400 milhões

A concessionaria Allegra Pacaembu, que assumiu a gestão do estádio municipal Paulo Machado de Carvalho, deu início esta semana às obras de recuperação das antigas instalações do campo mais tradicional da cidade de São Paulo. A concessão, feita pelo prefeito Bruno Covas (1980-2021), assumiu a administração do equipamento municipal por 35 anos, a partir de janeiro de 2020, e prevê investimentos na ordem de R$ 400 milhões até o fim de 2023.


Panorama da fachada do Estádio do Pacaembu - Werner Haberkorn via Wikimedia Commons / Domínio público

A principal intervenção prevista no projeto da Allegra Pacaembu é a derrubada do tobogã, como era conhecido o setor mais simples do estádio e que oferecia os ingressos mais populares. No local, será erguido um edifício de nove andares, cinco deles acima do nível do solo e quatro abaixo. O prédio terá escritórios, lojas, restaurantes e espaços para eventos. Um dos andares terá acesso, por uma passarela, às ruas Desembargador Paulo Passaláqua e Itápolis, com livre circulação de pessoas para cumprir a promessa de integrar o complexo aos bairros do Pacaembu e de Higienópolis.

O início dos trabalhos de remodelação contou com a presença do prefeito Ricardo Nunes em um evento no estádio. Mas a obra esteve ameaçada por decisão judicial de 31 de março. Uma liminar impediu o início das obras sob a alegação de associações de moradores de que a intervenção no conjunto preservado feria o patrimônio histórico ao derrubar o tobogã. Uma nova decisão, de 16 de junho último, anulou a liminar, possibilitando o começo dos trabalhos.


Divulgação

A construção do tobogã, na década de 1970, na verdade não faz parte do conjunto arquitetônico original do estádio. Antes, havia ali uma concha acústica, inaugurada junto ao campo de futebol, em 1940. Trinta anos depois, na administração do prefeito Paulo Maluf, decidiu-se pela derrubada da concha e construção de uma arquibancada que aumentasse a capacidade do público em 12 mil lugares. Medida e gastos desnecessários, pois o estádio do Morumbi já se encontrava em franca atividade nessa época e supria as necessidades para os jogos mais concorridos.

A fiscalização das reformas, por parte da prefeitura, dos moradores do entorno e das entidades de proteção do patrimônio da cidade, deve se concentrar na conservação das demais dependências do estádio, para que o histórico Pacaembu mantenha suas arquibancadas e demais instalações originais, como torres, as grandes portas de madeira, passarela e ginásio poliesportivo. Com isso, preservará um patrimônio único e muito querido pela cidade, evitando que ocorra a especulação imobiliária que avança sobre outros prédios e clubes centenários da capital.