Por Aline Ribeiro - São Paulo

O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, descartou na tarde desta segunda-feira (19) a possibilidade de sair candidato ao governo do estado na eleição presidencial de 2026. A declaração foi dada durante evento do Sindicato Patronal do setor privado da saúde em São Paulo (SindHosp) e da Federação dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios de São Paulo (Fesaúde).

A eventual candidatura ocorreria na hipótese de o atual governador, Tarcísio de Freitas (Republicanos), desistir da reeleição ao cargo para concorrer à presidência. Tarcísio é um dos nomes da direita cotados para concorrer no lugar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está inelegível até 2030.

- Não pretendo concorrer ao cargo do governador do Estado de São Paulo, até porque eu estou 100% alinhado com o governador Tarcísio de Freitas. Ele é candidato à reeleição, já falou isso algumas vezes. Ele sendo candidato à reeleição, eu estou muito feliz e honrado por ter o meu nome, principalmente indicado por ele, para concorrer à vaga ao Senado da República nas eleições do ano que vem -disse Derrite.

Deputado federal licenciado, Derrite deixará o Partido Liberal (PL) para ir para o Progressistas (PP). O movimento é uma tentativa de se posicionar para a disputa ao Senado, que terá duas vagas abertas em 2026.

O evento da transição está marcado para a próxima quinta-feira (22). A intenção do partido é fazer um grande evento com figuras de peso, para cacifar o secretário politicamente.

A mudança teve aval dirigente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, e do ex-presidente Jair Bolsonaro, filiado à sigla. O senador Ciro Nogueira (PI), presidente nacional do PP, foi o responsável por costurar a transição.

A mudança de partido se deve, em parte, ao fato de o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), atualmente licenciado e morando nos Estados Unidos, ser cotado como candidato ao Senado.

O evento de filiação de Derrite ao PP estava, incialmente, marcado para o dia 8 de maio, na Vila K, uma casa noturna na Vila Olímpia, bairro nobre de São Paulo. O PP decidiu adiar o evento depois de o governador Tarcísio sinalizar que não conseguiria ir ao ato por conflitos de agenda.

Cracolândia

Durante o evento nesta tarde, Derrite afirmou ser contrário à dispersão dos usuários de drogas como estratégia para combater as cenas abertas de uso, popularmente chamadas de Cracolândia.

Há uma semana, a Rua dos Protestantes, principal ponto da Cracolândia de São Paulo, amanheceu vazia. A diminuição de pessoas na área ocorreu gradativamente nos últimos meses, mas desde sábado (10) houve um esvaziamento brusco no local.

Os dependentes químicos se espalharam por diversos locais do Centro da cidade. Em bairros como a Sé, Luz, Campos Elíseos, Liberdade, Santa Cecília e Bom Retiro, havia grupos e usuários andando de uma rua para outra, mas nada comparado à concentração anterior na região mais crítica.

Segundo o secretário, a gestão atual, ao contrário da passada, do ex-governador João Doria, apostou em concentrar os dependentes químicos para atuar contra o tráfico e tratar os usuários.

- Primeiro, sou contrário a qualquer tipo de pulverização. O que deu certo foi exatamente o contrário. Nós vínhamos de um modelo de pulverização e preferimos concentrar nessas regiões. Dentro dessa concentração na área central, realmente tratar de maneira diferenciada cada um com um remédio específico, ou seja, traficantes de um jeito, usuários de drogas de outros - disse Derrite.

Como mostrou o GLOBO, a Polícia Militar e a Guarda Civil Metropolitana (GCM) têm abordado usuários para evitar a formação de uma nova aglomeração. Derrite negou que haja uma determinação formal do governo do estado para tais abordagens.

Ativistas e voluntários que atuam na Cracolândia de São Paulo têm recebido uma série de denúncias de supostos abusos e violência contra dependentes químicos na região.

O Globo
https://oglobo.globo.com/politica/noticia/2025/05/19/quaqua-desiste-de-concorrer-a-presidencia-do-pt-e-corrida-tera-quatro-candidatos.ghtml