Durante o debate, o ex-ministro dos assuntos parlamentares lembrou que no Brasil também há no momento uma discussão sobre controle de gastos - confira no vídeo
O ex-ministro Miguel Relvas participou nesta quarta-feira, dia 11, do podcast Crossfire, dentro do programa "Primetime" da CNN Portugal, apresentado pelo jornalista Alexandre Évora. Para debater com Relvas, o convidado foi o também ex-ministro (da saúde) Adalberto Fernandes.
O tema do podcast foi a atual descoordenação do governo português e suas divisões. Miguel Relvas, que foi ministro dos assuntos parlamentares e é ligado ao Partido Social Democrata, falou sobre o papel do IGF (Inspeção-Geral de Finanças), que naquele país cumpre o papel de uma Autoridade de Auditoria que controla gastos do governo.
"Se há entidades capacitadas para fazer esse trabalho (do IGF), há que reforçar equipas e equipamentos de forma que possam executar o seu trabalho. Serviços sobre serviços apenas representam gastos para o erário público e sobreposição de competências que resultam em diluições de responsabilidades e inação.
O ministro tem a visão certa não só para essa situação. É uma visão que se deve aplicar como princípio geral de boa governação e que eu tive a oportunidade de aplicar quando desempenhei funções no Governo e que aplico em minha vida em geral, simplificar para ter impacto e mais resultado, ou seja: aproveitar e reforçar os serviços do estado que já existem e que, devidamente apoiados, são os mais adequados para responder as necessidades.
O que o ministro vem a dizer através dos jornais espero que o tenha dito antes no local próprio. Convenhamos que ainda assim seria bom algum recato por parte dos membros do Governo em virem para a praça pública evidenciarem discordâncias internas.
Nota-se e começa a ser cada vez mais evidente um certo deslaçar da equipa do Governo. Parece que está cada um para seu lado, tudo com preocupante falta de coerência. Foi o ministro dos negócios estrangeiros e achar que o governo começava e acabava nele, é a ministra da administração interna em total descintonia com ela própria e sem força de comando para uma pasta desta índole, e o ministro da defesa com peripécias várias em que a última envolve encontros fora de horas com o Almirante Gouveia e Melo, fazendo política partidária com o chapéu de ministro, é a ministra da saúde enfraquecida, o monstro do planeamento em desacordo com a ministra da justiça".
"Será que não há um adulto na sala?", questionou durante o debate Miguel Relvas, que também foi deputado e exerceu o cargo de secretário de estado da administração no governo português.