Por Mariana Ribas (Broadcast)

A Motiva, ex-CCR, arrematou o leilão de concessão da Rodovia Fernão Dias (BR-381), entre São Paulo e Belo Horizonte (MG), com deságio de 17,05%. Em leilão realizado nesta quinta-feira, 11, na sede da B3 em São Paulo, a empresa superou a atual concessionária Arteris e a EPR, composta pelo grupo de infraestrutura Equipav e o fundo de investimentos Perfin. O contrato prevê investimentos de R$ 14,8 bilhões.

É o primeiro leilão de repactuação com competitividade. As últimas repactuações não tiveram concorrentes, o que mostra a atratividade da rodovia Fernão Dias, que atende cerca de 250 mil veículos por dia e aproximadamente 16,6 milhões de habitantes em 33 municípios.

Entre as obras a serem executadas pela futura concessionária estão a implantação de faixas adicionais, vias marginais, correções de traçado, passarelas de pedestres, interseções otimizadas, passagens de fauna e dois Pontos de Parada e Descanso (PPDs).

Segundo o Ministério dos Transportes, esse é o último leilão do ano de 2025, completando treze rodovias leiloadas em 2025. A expectativa da pasta é de que o número se repita em 2026.

O ministro dos Transportes, Renan Filho, afirmou que ficou surpreso com a oferta feita pela Arteris. A fala se deu em discurso após a Motiva (ex-CCR) desbancar a atual concessionária do trecho da BR-381, que comporta entre Belo Horizonte e São Paulo.

"Achei que a Arteris iria fazer um esforço maior", disse o ministro. A empresa, atual concessionária da rodovia, ofertou um desconto de 0% sobre a tarifa básica de pedágio estipulada em edital de R$ 0,03879 por quilômetro. Venceu a Motiva, com uma oferta de 17,05%. Com isso, segundo o ministro, o valor da tarifa sairá de R$ 3 para R$ 3,60 no próximo ano.

Renan Filho afirmou que, em 2026, a pasta irá promover cerca de 14 leilões de rodovias. Durante sua fala, ele também afirmou que a Motiva deverá "fechar o ano talvez com ganhos superiores a 60%". "Agora, com a otimização, o contrato é rentável, financiável, transparente e vai trazer muito mais benefícios para o cidadão que reside nas imediações da rodovia", afirmou.

Investimento

O presidente da divisão de rodovias da Motiva, Eduardo Camargo, afirmou que a empresa irá considerar as debêntures de infraestrutura como alternativa para investimento na Autopista Fernão Dias.

O contrato prevê investimentos de R$ 14,8 bilhões. Questionado sobre como a Motiva fará esse financiamento, Camargo destacou que a melhor solução, que está no plano de negócios, é ir ao mercado e incrementar esse financiamento com dívidas de mercado.

Ele enfatizou ainda que a empresa irá busca uma fonte de financiamento no Brasil, negando a busca por capital externo. "Como a receita desse ativo é 100% em reais, a gente vai buscar uma fonte de financiamento no Brasil mesmo", disse.

Além disso, o presidente da Motiva ressaltou que a troca de controle com a atual operadora, Arteris, deve ocorrer efetivamente entre o final de abril e o começo de maio de 2026. Antes disso, a expectativa da empresa é que ocorra uma aproximação com as operações.

"Como temos uma boa relação tanto com a própria concessionária, como com a Arteris e a ANTT, a nossa intenção é que possamos nos aproximar, conhecer, saber como é que está a operação", disse.

Marco positivo

Para o especialista em infraestrutura do escritório Castro Barros Advogados, Paulo Henrique Dantas, o leilão da Fernão Dias representa um "marco positivo" para a política nacional de concessões rodoviária.

Segundo Dantas, apesar de ser um dos corredores logísticos mais relevantes do País, a rodovia vinha recebendo investimentos "aquém do necessário".

A adoção do modelo simplificado pelo Ministério dos Transportes e pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), na sua visão, mostrou-se "adequada para destravar os investimentos necessários".

Outro ponto positivo, conforme o especialista, é que se trata de mais um ativo negociado após a participação no programa Secex-Consenso do Tribunal de Contas da União (TCU) e diferentemente dos outros leilões estruturados na mesma lógica, que não tiveram concorrência e mantiveram as operadoras vigentes, neste caso atraiu grandes grupos e houve a mudança da operadora, saindo da Arteris e indo para a Motiva.

"O resultado reforça o papel do TCU na construção de segurança jurídica e demonstra que em condições adequadas, o procedimento simplificador pode gerar concorrência, tarifas mais competitivas e melhores perspectivas de investimento paga os usuários das rodovias", finaliza Dantas./Com Amélia Alves

Estadão
https://www.estadao.com.br/economia/motiva-ex-ccr-vence-leilao-de-concessao-da-rodovia-fernao-dias-com-desagio-de-1705/