Depois de dominar o seu mercado local e avançar sobre os concorrentes em diversos outros países, agora a gigante chinesa BYD prepara-se para mais uma grande batalha: entrar com força total na Europa. O primeiro carregamento com cinco mil veículos, transportado em navio próprio - o BYD Explores n 1 - chegou ao porto alemão de Bremerhaven há uma semana, acendendo o farol de alerta de montadoras europeias como Renault, Volkswagen e Stellantis (Fiat e Peugeot), como registrou o jornal inglês Financial Times, em recente matéria divulgada no Brasil pelo jornal Valor.
Apostando numa estratégia de preço, a BYD pode bancar uma competição por preços que assusta europeus e americanos. Além disso, vem trabalhando na construção de novas plantas ao redor do mundo, inclusive no Brasil. Por enquanto, a corrida é para oferecer ao consumidor um carro de porte pequeno - bem ao gosto do público europeu - na faixa dos 20 mil euros. Algo que no momento parece uma realidade mais próxima da montadora chinesa, já que o valor médio atingido pelos fabricantes europeus tem sido de 35 mil euros.
Com essa aparente vantagem de preço e a dominância do mercado na China e fora dela, a BYD, assim como as concorrentes, assistem agora a entrada de um novo e poderoso player no setor. É a também chinesa Xiaomi, que anuncia seus planos nada modestos de entrar no segmento automobilístico, começando em seu próprio país de dimensões continentais.
Fabricante de smartphones, a Xiaomi aposta na sua base de clientes de celulares para também oferecer carros. Conhecida por apresentar produtos com preços mais acessíveis - o que pode ser visto nos seus aparelhos mais completos que competem hoje com o IPhone da Apple e a série S da Samsung -, a companhia anunciou em recente entrevista de seu CEO, Weibing Lu, à rede norte-americana CNBC, que tem potencial de vender 20 milhões de veículos elétricos na China.
"Achamos que é um bom ponto de partida para nós, no segmento premium, porque já temos 20 milhões de usuários nessa categoria baseados no smartphone", disse o presidente do Grupo Xiaomi. "Acho que as compras iniciais serão muito sobrepostas aos usuários de smartphones", afirmou Weibing Lu à CNBC, em reportagem que foi reproduzida no Brasil pelo site da revista Exame.
O modelo selecionado para alavancar essa estratégia chama-se SU7, lançado recentemente mas ainda sem preço definido. É um veículo do segmento premium, que consumiu investimentos na ordem de US$ 10 bilhões da montadora - cifra que dá uma ideia da disposição da Xiaomi de enfrentar todas as concorrentes, a começar da gigante BYD, em categorias que vão do básico ao carros mais completos.
O conglomerado chines é considerado hoje o terceira maior do segmento de aparelhos de celular, depois da Apple e da Samsung. Nos últimos anos, tornou-se também fabricante de TVs e eletrodomésticos, avançando agora sobre a produção de carros. Sua entrada em grande escala no mercado deve demorar ainda de dois a três anos para se efetivar, segundo estimativa de seu próprio CEO.