Banco com sede nos Estados Unidos foi fundado em 1983 e acompanhou o boom das empresas de tecnologia nos Estados Unidos, principalmente a partir dos anos 2000
Autoridades americanas anunciaram nesta sexta-feira, dia 10, a decretação da falência do Silicon Valley Bank (SVB), um banco que trabalhava apoiando o setor tecnológico. A instituição tinha sido criada em 1983 e fornecia crédito a várias startups norte-americanas e de outras partes do mundo.
De acordo com o The Wall Street Journal, essa foi a segunda maior falência bancária da história dos Estados Unidos. Além disso, a instituição é a maior a quebrar desde o colapso no sistema financeiro americano em 2008, tendo à frente o fechamento do Lehman Brothers que, à época, gerou uma crise mundial.
O Silicon Valley Bank tinha cerca de US$ 209 bilhões em ativos até o fim de 2022, o que o tornava o 16º maior banco dos EUA, segundo o Federal Reserve - o banco central norte-americano. Correntistas começaram a sacar dinheiro, mas o governo decretou a falência e encerrou temporariamente os saques (serão retomados em 13 de março), para segurar uma parte desses recursos e gerir eventuais danos aos credores e ao próprio sistema financeiro nacional.
A mídia americana relata que um dos fatores que resultou na falência do SVB foi o aumento na taxa de juros dos EUA, que passou de 0,25%, em 2020, para 4,75, % em fevereiro deste ano.
O banco atendia principalmente startups. Como o setor de tecnologia começou a desacelerar nos últimos meses, com os constantes aumentos na taxa de juros para frear a inflação, as empresas atendidas pelo SVB passaram a fazer retiradas maiores e em menor espaço de tempo. Muita gente, entretanto, não conseguiu sacar. O Jornal Nacional da noite deste sábado, dia 11, na TV Globo, mostrou a proprietária de uma startup do setor alimentício que ficou com US$ 10 milhões retidos na instituição.
Especialistas em economia dos EUA afirmaram não acreditar que a falência do SVB venha resultar em um efeito dominó semelhante ao que levou à crise financeira de 2008. No entanto, avaliam que instituições financeiras menores, fortemente ligadas a criptomoedas, podem enfrentar dificuldades de liquidez nas próximas semanas.
A imprensa americana relata que os investidores estão preocupados com bancos que possuem o mesmo perfil que o SVB. Essas instituições financeiras estão vendo as ações caírem rapidamente nos últimos dias.
Além da queda nos recursos, o SVB também viu novos investimentos minguarem. Com isso, o banco foi ficando descapitalizado. Para piorar a situação, a instituição financeira havia realizado uma série de investimentos no Tesouro dos EUA e em títulos de dívida pública ligados ao governo. Com o aumento da taxa de juros, tais títulos sofreram desvalorizações.
Conforme notícia publicada na sexta-feira, dia 10, pelo jornal O Estado de S. Paulo, startups brasileiras que possuíam reservas no Silicon Valley Bank (SVB) começaram a se movimentar ainda na quinta-feira (dia 9), para retirar o dinheiro do banco norte-americano. A orientação para os saques partiu de empreendedores e de gestoras de investimento. A estimativa de um gestor financeiro ouvido pelo Estadão era de que as empresas brasileiras teriam cerca de US$ 3 bilhões depositados no SVB.