O Grupo J. Safra anunciou nesta segunda-feira, dia 29, um acordo para adquirir outro ativo das herdeiras do banqueiro Aloysio de Andrade Faria, o Delta National Bank, com sede em Nova York. O negócio, que foi fechado menos de uma semana após o desfecho da compra do Alfa no Brasil por R$ 1 bilhão, já vinha em andamento em paralelo à essa primeira venda.
A aquisição reforça o apetite do conglomerado por clientes latino-americanos de alta renda, em meio à ofensiva de bancos brasileiros nos Estados Unidos, inclusive de fintechs, com foco no público AAA. Desta vez, o valor da transação não foi revelado pelas partes envolvidas.
A operação já era negociada entre as famílias, segundo levantou o Estadão/Broadcast. Embora sejam instituições com operações diversas em seus países, havia o entendimento de que o comprador do negócio brasileiro também arremataria o ativo nos EUA.
Fundado em 1986, o Delta National Bank tem foco no segmento private. Na ocasião, os proprietários do então Banco Real obtiveram duas licenças para operar no mercado norte-americano e criaram o Delta National Bank and Trust Company of New York e o Delta National Bank and Trust Company of Florida.
Anos depois, os negócios foram consolidados e deram origem ao Delta National Bank e Trust Company, com sede em Nova York e filial em Miami.
O negócio nos EUA foi mantido pelos antigos donos do Banco Real assim como a operação de atacado no Brasil, com foco em empresas e no público de alta renda, a despeito da venda do varejo bancário - incorporado pelo holandês ABN e, posteriormente, vendido ao Santander Brasil.
A transação ocorre em meio à ofensiva de bancos brasileiros nos EUA nos últimos anos. O Bradesco anunciou recentemente um investimento de mais US$ 230 milhões (cerca de R$ 1,2 bilhão) para acelerar o seu crescimento em território norte-americano, dois anos após comprar o BAC Florida, com sede em Miami e que passou a se chamar Bradesco Bank.
O Itaú Unibanco também se mexeu e centralizou seus negócios norte-americanos na região, em busca de maior expansão, enquanto o Banco do Brasil desistiu de se desfazer de sua operação nos EUA.
Para o presidente do conselho de administração do Safra National Bank of New York, Jacob J. Safra, o Delta se "encaixa perfeitamente" com o negócio do banco e é um passo estratégico para o grupo crescer nos Estados Unidos e na América Latina. "Esta transação destaca a importância do mercado latino-americano para o Grupo J.Safra e representa uma oportunidade atraente para expandir nossa posição na região", disse ele, em nota à imprensa.
O negócio reforça ainda a marca Safra no segmento private ao redor do mundo, na opinião da CEO do Safra National Bank of New York, Simoni Morato. Segundo ela, o negócio envolve não só os clientes do Delta bem como todo o time do banco com sede em Nova York.
Já o presidente do Delta National Bank and Trust Company, Guillermo Sefair, destacou a similaridade entre comprador e vendedor, sendo ambos de tradicionais famílias de banqueiros brasileiros. "Estamos totalmente comprometidos com este novo capítulo", afirmou.
A expectativa é de que a transação seja concluída no primeiro semestre de 2023, a depender de aprovações dos órgãos reguladores responsáveis. Com US$ 300 bilhões em ativos, o Grupo J. Safra tem unidades em São Paulo, em Nova York e em Basileia, na Suíça.