Exposição Era Uma Vez o Moderno (1910-1944), na Fiesp

Considerada a maior mostra sobre o modernismo brasileiro já realizada, reúne mais de 300 obras e documentos inéditos sobre a intimidade dos artistas e pensadores modernistas

Mariana Soares, Agência Indusnet Fiesp

A exposição Era Uma vez o Moderno [1910-1944] é uma parceria do Centro Cultural Fiesp (CCF) e o Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (IEB/USP), instituição que guarda o maior acervo sobre o modernismo no país. A mostra reúne diários, cartas, manuscritos, fotos e obras dos artistas e intelectuais que fizeram parte de diversas iniciativas em torno da implantação de uma Arte Moderna no Brasil, entre 1910 e 1944.

Contando com mais de 300 obras e documentos, a mostra fará o público revisitar três décadas dessa história e, em especial, conhecer as produções dos autores e pensadores que participaram da Semana de Arte Moderna, em 1922, cujo centenário se dará em fevereiro do próximo ano.

O público encontrará as obras e reflexões de Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Manuel Bandeira, Cícero Dias, Di Cavalcanti, Osvaldo Goeldi, Ismael Néry, Guilherme de Almeida, Gilberto Freire, entre muitos outros. A exposição pretende mostrar a dimensão humana das mulheres e homens que participaram do debate em torno da possibilidade de se fazer uma Arte Moderna no Brasil, assim como a diversidade de manifestações e direções do que se convencionou chamar de modernismo brasileiro.

Era Uma vez o Moderno entrou em cartaz no dia 10 de dezembro último, e segue aberta à visitação gratuita até 29 de maio de 2022. Quem preferir programar a visita deve acessar este link.

A curadoria da mostra é do professor e pesquisador do IEB/USP, Luiz Armando Bagolin, e do historiador Fabrício Reiner. A exposição, que é a maior sobre o modernismo brasileiro já realizada no mundo, tem como proposta apresentar uma sequência de fatos históricos e culturais por meio das próprias vozes, influências e até mesmo dos dilemas e conflitos dos artistas que viveram o Modernismo.

Coube ao Sesi-SP a restauração de todo o acervo do IEB/USP no que diz respeito às obras de artistas, intelectuais e pensadores modernistas.

Em uma faixa de tempo que compreende os anos de 1910 a 1944, o público poderá mergulhar na intimidade daqueles que construíram este movimento cultural a partir da leitura de cartas como, por exemplo, aquela escrita por Mário de Andrade para Tarsila do Amaral, em 1929, na qual ele comunicava o rompimento da relação de amizade com o também modernista Oswald de Andrade.

Os visitantes poderão conhecer o diário de Anita Malfatti, de 1914, que registra os preparativos da sua primeira exposição individual, realizada em São Paulo. E para a experiência ficar ainda mais real, os visitantes poderão assistir vídeos protagonizados por atores que interpretam alguns artistas modernistas em momentos importantes de suas vidas bem como da história do movimento cultural.

Em um dos corredores da exposição, o personagem virtual de Mário de Andrade lê um trecho do livro Pauliceia Desvairada, durante a segunda noite da Semana de Arte Moderna. Na ocasião, nervoso, o poeta tremia de timidez. Em outro momento, a figura de Manuel Bandeira, interpretada no vídeo pelo ator Nilton Bicudo, lê uma carta que o poeta pernambucano escreveu e destinou a Mário de Andrade, criticando o movimento Pau Brasil, de Oswald de Andrade, num momento cheio de humor.




Em outros dois pontos relevantes da mostra, o personagem virtual de Tarsila do Amaral lê uma carta datada de 1920, na qual, de Paris (França), escreveu para Anita Malfatti relatando seus primeiros encontros com a Arte Moderna, em particular, com o futurismo italiano de Umberto Boccioni, que então a escandalizou.

O tom melancólico de Mário de Andrade nas palavras que estão nas palavras que estão no bilhete escrito e nunca enviado por ele a Manuel Bandeira, em 1944, mostra a preocupação do artista no convertimento dos seus colegas modernistas pelo Estado Novo, de Getúlio Vargas.



Entre os quadros que estarão na mostra Era Uma Vez o Moderno, O Homem Amarelo, um dos mais conhecidos de Anita Malfatti. A pintura esteva na Exposição de 1917 e na Semana de Arte Moderna de 1922. A obra O Mamoeiro, de Tarsila do Amaral, finalizada em 1925, também estará exposta na Avenida Paulista. Neste quadro, a artista buscou representar a realidade da época fazendo uso de cores fortes e formas geométricas influenciadas pelo cubismo e pela arte do francês Fernand Léger, seu mestre.

Também será possível conhecer os objetos, diários e fotos que foram resultados das viagens de Mário de Andrade à região Amazônica e às cidades do Norte e Nordeste do Brasil, comprovando seu interesse pela pesquisa de caráter etnográfico.

A mostra trará algumas das manifestações apresentadas na Semana de Arte Moderna irmanadas pelo desejo de ruptura com a arte do passado e pretende apresentar a correspondência entre as obras dos artistas com as cartas, os manuscritos e os demais itens do acervo pessoal deles. "Nossa proposta de linha do tempo tem início em 1910 com os registros que farão o público conhecer um pouco da primeira exposição brasileira da artista alemã Emma Voss, que pela primeira vez trouxe para o Brasil obras que tiveram relação com as primeiras vanguardas artísticas europeias", explicou Bagolin.

Ao longo da exposição, haverá à disposição do público áudios acessíveis por QRCODE com comentários e análises feitas pelo curador, além de outras informações históricas e reproduções em formato digital dos documentos e cartas presentes na exposição. Tudo para que ninguém perca nenhum momento importante desta incrível história.


Exposição Era Uma Vez o Moderno
Data: de 10 de dezembro de 2021 a 29 de maio de 2022
Horário: de quarta a domingo, das 11h às 20h
Local: Galeria de Arte do Centro Cultural Fiesp
Endereço: Avenida Paulista, 1313 (em frente ao Metrô Trianon-Masp)
Entrada gratuita. Agendamento de visitas em www.sesisp.org.br/eventos e agendamentos escolares e de grupos em ccfagendamentos@sesisp.org.br 

Mais informações: www.centroculturalfiesp.com.br.