- Crítico de Francisco, Timothy Dolan, que vai se aposentar, já elogiou o ativista de direita Charlie Kirk
- Em seu lugar entra Ronald Hicks, missionário na América Latina que condenou política anti-imigração do atual governo
O papa Leão 14 decidiu substituir o cardeal Timothy Dolan como arcebispo em Nova York, deixando de lado uma figura proeminente da Igreja nos Estados Unidos em uma grande reformulação da liderança católica do país.
O anúncio foi feito pelo Vaticano nesta quinta-feira (18). Leão 14, o primeiro papa americano, nomeou um clérigo relativamente pouco conhecido de Illinois, o bispo Ronald Hicks. Ele agora ficará à frente da segunda maior diocese católica do país, que reúne cerca de 2,8 milhões de fiéis -atrás apenas da de Los Angeles.
Dolan, arcebispo de Nova York desde 2009 e ex-presidente da Conferência dos Bispos Católicos dos EUA, é visto como conservador. Ele ofereceu-se para renunciar em fevereiro, ao completar 75 anos, idade em que já poderia se aposentar, segundo o direito canônico. Os cardeais costumam servir até os 80 anos, idade obrigatória para aposentadoria.

O cardeal Timothy Dolan durante missa em Roma - Hannah McKay - 4.mai.25/Reuters
"Hicks representa não apenas um novo capítulo para Nova York, mas para a Igreja americana como um todo", afirma David Gibson, especialista na Igreja dos EUA.
Hicks, 58, lidera a Igreja em Joliet, sede do condado de Will, em Illinois, desde 2020. Anteriormente, atuou como bispo auxiliar do cardeal de Chicago, Blase Cupich.
Sua biografia tem várias semelhanças com a de Leão 14. Ambos são originários dos subúrbios do sul de Chicago, mas passaram anos como missionários na América Latina -Leão 14 no Peru, e Hicks em El Salvador.
"[Leão 14] está indicando à mais proeminente sede americana um natural de Illinois muito parecido com ele próprio", diz Gibson, que é diretor do Centro de Religião e Cultura da Universidade Fordham.

Ronald Hicks, novo arcebispo de Nova York - Dan Delmiro/Facebook
Em novembro, Hicks endossou a condenação dos bispos católicos dos EUA à repressão do presidente Donald Trump à imigração, em uma declaração que pediu "compaixão e justiça" em relação aos imigrantes
A Arquidiocese de Nova York é uma instituição grande e influente, que atende a católicos em Manhattan, no Bronx e em Staten Island, além de sete condados ao norte, abrangendo 296 paróquias e centenas de escolas e hospitais católicos.
A substituição de Dolanocorre no momento em que a arquidiocese enfrenta dificuldades para arrecadar mais de US$ 300 milhões (cerca de R$ 1,6 bilhão) e pagar acordos com vítimas de abusos cometidos por membros do clero católico.
A arquidiocese entrou em mediação com cerca de 1.300 pessoas, e Dolan anunciou em 8 de dezembro que a instituição reduziria seu orçamento operacional em 10%, demitiria funcionários e venderia propriedades enquanto buscava levantar recursos para os pagamentos.
Hicks será empossado em seu novo cargo em 6 de fevereiro, informou a arquidiocese de Nova York em comunicado. Dolan permanecerá como líder interino nesse período.
HICKS É VISTO COMO APOIADOR DAS REFORMAS DE FRANCISCO
Gibson diz que Hicks é "um homem do Meio-Oeste, de fala mansa, que abraça a linha reformista do papa Francisco e é respeitado por muitos dos dois lados das divisões de uma Igreja polarizada".
O pontífice argentino, morto em abril, seguiu uma agenda de reformas e tentou tornar a Igreja mais inclusiva, às vezes provocando resistência de cardeais conservadores.
Em uma carta pastoral enviada em outubro aos cerca de 520 mil católicos de Joliet, Hicks não abordou questões políticas nem reformas da Igreja e, em vez disso, incentivou os fiéis a se concentrarem em sua vida de oração e a espalharem sua fé entre outras pessoas.
Folha de S.Paulo
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2025/12/papa-leao-14-substitui-cardeal-conservador-e-nomeia-bispo-que-ja-criticou-trump-para-arquidiocese-de-ny.shtml




