Estúdios da Warner Bros na Califórnia.  REUTERS/Mike Blake |
Entenda o que significa a escolha da Warner pela Netflix e próximos passos

Entenda o que significa a escolha da Warner pela Netflix e próximos passos

Warner rejeitou na quarta (17) proposta feita pela Paramount e aconselha acionistas a fazerem o mesmo


Liam Reilly, da CNN

A Warner Bros. Discovery (WBD) rejeitou oficialmente a oferta, considerada hostil pelo mercado, de aquisição da Paramount, aconselhando os acionistas a fazerem o mesmo.

Mas a batalha está longe de terminar. Abaixo, trouxemos os últimos acontecimentos e o que pode-se esperar a seguir.

O que acabou de acontecer?

Na manhã de quarta-feira (17), a Warner Bros. Discovery publicou uma carta aos acionistas e um documento na SEC (Comissão de Valores Mobiliários dos EUA), rejeitando formalmente a última oferta da Paramount pela empresa inteira, considerando-a "ilusória".

O acordo atual para vender os estúdios e ativos de streaming da Warner para a Netflix, segundo o conselho, ainda é melhor para os acionistas da WBD.

Por que a WBD rejeitou a oferta da Paramount?

Principalmente, trata-se de dinheiro: o conselho da WBD afirmou que o acordo da Paramount "oferece valor inadequado e impõe inúmeros riscos e custos significativos à WBD".

Mas a WBD também considerou a oferta da Paramount muito arriscada. O conselho escreveu que a Paramount "havia enganado" os acionistas da WBD ao afirmar que a oferta de US$ 30 por ação, à vista, era "garantida" pelo CEO da Paramount, David Ellison, e o pai, Larry Ellison, cofundador da Oracle, cuja fortuna é estimada em US$ 240 bilhões.

Enquanto isso, em segundo plano, legisladores levantaram preocupações de segurança nacional sobre o uso de financiamento de parceiros do Oriente Médio pela Paramount.

O que a Paramount diz?

A família Ellison insiste que garante totalmente a proposta - assegurando o financiamento caso os parceiros desistam. Mas a carta da WBD refuta essa alegação, dizendo que "não garante, e nunca garantiu".

Na semana passada, a Paramount afirmou ter um "financiamento inabalável" e considerou qualquer sugestão em contrário "absurda".

E em seus comunicados regulatórios, a Paramount afirmou que os fundos soberanos controlados pela Arábia Saudita, Qatar e Emirados Árabes Unidos não teriam poder de voto sobre a WBD caso a transação seja concluída.

O que a Paramount pode fazer?

A Paramount agora tem a oportunidade de apresentar uma oferta maior e mais sólida à WBD. No entanto, a declaração inicial da empresa após a rejeição da WBD "reafirma o compromisso" com a oferta "superior" de US$ 30 por ação.

Essa postura sugere que a companhia insistirá em convencer os acionistas da WBD a aceitarem a oferta atual da Paramount ao invés da oferta da Netflix pelos ativos de streaming e estúdio.

Isso pode se transformar em uma longa batalha. O presidente do conselho da WBD, Sam DiPiazza, disse à CNBC Internacional na manhã de quarta-feira (17) que a votação dos acionistas não acontecerá antes da primavera ou do "início do verão" norte-americano.

A Netflix precisa fazer algo?

A curto prazo, não. A Netflix já firmou o acordo com a Warner e agora precisa aguardar a votação dos acionistas da WBD sobre o assunto.

Mas se a Paramount apresentar uma proposta mais lucrativa e a WBD aceitar o novo acordo, a Netflix terá a oportunidade de uma contra-proposta.

Enquanto isso, a gigante do streaming precisará manter a disciplina, evitando gafes públicas que possam dar à Paramount (ou a futuros órgãos reguladores) qualquer brecha, e reafirmando aos acionistas da WBD por que a sua oferta é a melhor opção.

O que os órgãos reguladores estão fazendo?

A WBD afirmou na quarta-feira (17) que está colaborando com os órgãos reguladores, que estão analisando o acordo com a Netflix.

Enquanto isso, a Netflix começou a tranquilizar o setor em relação às preocupações sobre a possível aquisição dos vastos ativos de estúdio e streaming da WBD e o impacto na distribuição de filmes nos cinemas.

Na terça-feira (16), Ted Sarandos, diretor executivo da Netflix, fez uma aparição surpresa no evento de conteúdo do Canal+ em Paris, onde declarou aos participantes que "a intenção ao adquirir a Warner será continuar lançando filmes dos estúdios da Warner nos cinemas, mantendo as janelas de exibição tradicionais".

CNN Brasil
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