Prefeito do Rio, aliado do PT, se aproximou, antes da ação policial, de políticos do PL e do discurso duro contra o crime organizado
Por Pedro Augusto Figueiredo e Pedro Penteado
A operação policial deflagrada pelo governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), contra integrantes do Comando Vermelho, acirrou os ânimos com o governo Lula (PT) e expôs o dilema do prefeito Eduardo Paes (PSD), que dias antes havia intensificado gestos na tentativa de unir no mesmo palanque o PT e PL, o partido de Jair Bolsonaro.
Na esteira da ação policial, Paes disse que a cidade não pode ficar refém de criminosos e evitou criticar a operação mais letal da história do Rio de Janeiro, com mais de 120 mortos. "A primeira mensagem que gostaria de passar para vocês é que o Rio de Janeiro não vai e não pode ficar refém de grupos criminosos que buscam espalhar medo pelas ruas da nossa cidade", disse em um vídeo publicado nas redes sociais anteontem.
O prefeito não saiu em defesa de Lula após Castro politizar o tema e se queixar da falta de ajuda do governo federal para enfrentar o crime organizado no Estado. Levantamento da consultoria AP Exata aponta que 63% das mensagens nas redes sociais consideram que a responsabilidade pela crise da segurança pública é de Cláudio Castro, contra 29% de Lula. A maioria das mensagens, 53,2%, reprovam a operação.
Eduardo Paes foi procurado por meio da assessoria de imprensa, mas não respondeu à reportagem. Antes próximo de Bolsonaro e agora aliado do prefeito do PSD, o deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ) avalia que Paes tem pouco espaço para atuar politicamente na crise da segurança pública e tenta tirar vantagem ao mostrar que é "contra bandido". "Ele fica meio manco. Não pode pender muito nem para um lado, nem para o outro", disse o deputado.
Otoni aposta no pragmatismo de Paes e acredita que ele conseguirá colocar PL e PT no mesmo palanque. Em sua visão, o PSD livrará o prefeito de ter que ser o "soldado de Lula" na eleição, possibilitando a aliança com a direita. "Ele não vai rejeitar o Lula, mas tem um bom discurso caso o Kassab lance um candidato a presidente", concluiu o parlamentar.
Castro, por sua vez, está no final do segundo mandato. Sem poder concorrer à reeleição, ele tenta se viabilizar como candidato ao Senado. Pesquisa Real Time Big Data divulgada no início do mês coloca o governador em segundo, com 22% das intenções de voto, atrás somente de Flávio Bolsonaro, com 29%.
A operação dá visibilidade ao governador, possibilita a ele adotar o discurso de linha-dura na segurança pública e ainda garante o respaldo de outros governadores da direita, como Romeu Zema (Novo), Ronaldo Caiado (União Brasil) e Mauro Mendes (União Brasil) - eles formaram uma comitiva para prestar apoio a Castro ontem. Sem um nome de consenso no PL para ser o candidato à sucessão de Castro, Paes fez um gesto ao partido no último sábado, dias antes da operação, em um evento realizado em São João do Meriti (RJ). Ele mencionou o deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ) e o vice-presidente da
Câmara, Altineu Côrtes (PLRJ) e demonstrou confiança que terá o apoio da sigla.
"Essa foi uma semana de muitas especulações, general Pazuello. E alguém disse que essas especulações só teriam consequência se a gente fizesse uma dedicação de amor a fulano ou beltrano. E eu disse: eu não tenho dúvida de que vamos estar juntos, mas por um só amor: o amor ao Estado do Rio de Janeiro", declarou Paes.
Encruzilhada Prefeito tenta agradar ao PL do Rio, que condiciona apoio a palanque para candidato de Bolsonaro
A fala foi uma resposta ao presidente do PL carioca, Bruno Bonetti, que afirmou que o partido só apoiará o prefeito se ele der palanque para o candidato de Bolsonaro a presidente. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) também rechaçou a possível aliança.
No PT, mesmo a ala que defende o apoio a Paes criticou duramente Cláudio Castro após a operação, complicando ainda mais a tentativa do prefeito de atrair os dois extremos.
Estadão
https://www.estadao.com.br/politica/operacao-no-rj-expoe-dilema-de-paes-ao-acirrar-animos-entre-governos-lula-e-castro/
                
                				A operação policial deflagrada pelo governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), contra integrantes do Comando Vermelho, acirrou os ânimos com o governo Lula (PT) e expôs o dilema do prefeito Eduardo Paes (PSD), que dias antes havia intensificado gestos na tentativa de unir no mesmo palanque o PT e PL, o partido de Jair Bolsonaro.
Na esteira da ação policial, Paes disse que a cidade não pode ficar refém de criminosos e evitou criticar a operação mais letal da história do Rio de Janeiro, com mais de 120 mortos. "A primeira mensagem que gostaria de passar para vocês é que o Rio de Janeiro não vai e não pode ficar refém de grupos criminosos que buscam espalhar medo pelas ruas da nossa cidade", disse em um vídeo publicado nas redes sociais anteontem.
O prefeito não saiu em defesa de Lula após Castro politizar o tema e se queixar da falta de ajuda do governo federal para enfrentar o crime organizado no Estado. Levantamento da consultoria AP Exata aponta que 63% das mensagens nas redes sociais consideram que a responsabilidade pela crise da segurança pública é de Cláudio Castro, contra 29% de Lula. A maioria das mensagens, 53,2%, reprovam a operação.
Eduardo Paes foi procurado por meio da assessoria de imprensa, mas não respondeu à reportagem. Antes próximo de Bolsonaro e agora aliado do prefeito do PSD, o deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ) avalia que Paes tem pouco espaço para atuar politicamente na crise da segurança pública e tenta tirar vantagem ao mostrar que é "contra bandido". "Ele fica meio manco. Não pode pender muito nem para um lado, nem para o outro", disse o deputado.
Otoni aposta no pragmatismo de Paes e acredita que ele conseguirá colocar PL e PT no mesmo palanque. Em sua visão, o PSD livrará o prefeito de ter que ser o "soldado de Lula" na eleição, possibilitando a aliança com a direita. "Ele não vai rejeitar o Lula, mas tem um bom discurso caso o Kassab lance um candidato a presidente", concluiu o parlamentar.
Castro, por sua vez, está no final do segundo mandato. Sem poder concorrer à reeleição, ele tenta se viabilizar como candidato ao Senado. Pesquisa Real Time Big Data divulgada no início do mês coloca o governador em segundo, com 22% das intenções de voto, atrás somente de Flávio Bolsonaro, com 29%.
A operação dá visibilidade ao governador, possibilita a ele adotar o discurso de linha-dura na segurança pública e ainda garante o respaldo de outros governadores da direita, como Romeu Zema (Novo), Ronaldo Caiado (União Brasil) e Mauro Mendes (União Brasil) - eles formaram uma comitiva para prestar apoio a Castro ontem. Sem um nome de consenso no PL para ser o candidato à sucessão de Castro, Paes fez um gesto ao partido no último sábado, dias antes da operação, em um evento realizado em São João do Meriti (RJ). Ele mencionou o deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ) e o vice-presidente da
Câmara, Altineu Côrtes (PLRJ) e demonstrou confiança que terá o apoio da sigla.
"Essa foi uma semana de muitas especulações, general Pazuello. E alguém disse que essas especulações só teriam consequência se a gente fizesse uma dedicação de amor a fulano ou beltrano. E eu disse: eu não tenho dúvida de que vamos estar juntos, mas por um só amor: o amor ao Estado do Rio de Janeiro", declarou Paes.
Encruzilhada Prefeito tenta agradar ao PL do Rio, que condiciona apoio a palanque para candidato de Bolsonaro
A fala foi uma resposta ao presidente do PL carioca, Bruno Bonetti, que afirmou que o partido só apoiará o prefeito se ele der palanque para o candidato de Bolsonaro a presidente. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) também rechaçou a possível aliança.
No PT, mesmo a ala que defende o apoio a Paes criticou duramente Cláudio Castro após a operação, complicando ainda mais a tentativa do prefeito de atrair os dois extremos.
Estadão
https://www.estadao.com.br/politica/operacao-no-rj-expoe-dilema-de-paes-ao-acirrar-animos-entre-governos-lula-e-castro/
 
                      
                                    
								




