Boulos toma posse como ministro e pede minuto de silêncio por vítimas de operação no Rio

Boulos toma posse como ministro e pede minuto de silêncio por vítimas de operação no Rio

Deputado substitui Márcio Macêdo, que estava no cargo desde o começo do atual mandato de Lula. Troca visa melhorar relação com movimentos sociais, de olho na eleição de 2026.


Por Isabella Calzolari, g1 - Brasília


O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) tomou posse nesta quarta-feira (29) como novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, pasta responsável pela relação do governo com os movimentos sociais.

Durante a cerimônia no Palácio do Planalto, o novo ministro pediu um minuto de silêncio "por todas as vítimas" da operação policial realizada na terça-feira (28) no Rio de Janeiro. Até agora, o governo do estado confirma 121 mortos e moradores da região retiraram dezenas de corpos de uma mata próxima durante a noite.

Boulos substitui o ex-deputado Márcio Macêdo (PT-SE), que estava no cargo desde o começo do terceiro mandato de Lula, em janeiro de 2023. A troca foi anunciada no dia 20 de outubro.

Ao trocar o comando da Secretaria-Geral da Presidência, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) realizou a 13ª mudança de ministro neste terceiro mandato - e a sétima feita em 2025.

A escolha de Boulos visa melhorar a relação com os movimentos sociais, já de olho na eleição presidencial de 2026. O novo ministro é um dos principais nomes da esquerda no país e político de maior força eleitoral do PSOL. Paulistano, o novo ministro construiu sua carreira como uma das principais lideranças do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST).

À época da nomeação, o presidente Lula publicou foto ao lado do novo ministro, Guilherme Boulos, e do antecessor, Márcio Macêdo - Foto: Ricardo Stuckert/PR
À época da nomeação, o presidente Lula publicou foto ao lado do novo ministro, Guilherme Boulos, e do antecessor, Márcio Macêdo - Foto: Ricardo Stuckert/PR

Na visão de Lula, Boulos era a peça que faltava para compor uma espécie de coordenação informal da campanha de 2026, ao lado dos ministros Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) e Sidônio Palmeira (Comunicação Social). Ambos têm relação próxima com o deputado e ajudaram a pavimentar a ida dele ao Planalto.

Rodar o país

Ao assumir o cargo, uma das tarefas que Boulos recebeu do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi a de rodar o país e colocar o "governo na rua". Boulos deve priorizar as regiões Norte e Nordeste nas agendas que vai realizar ainda neste ano.

Antes de focar nas regiões Norte e Nordeste, Boulos deve desembarcar primeiro em São Paulo, seu reduto eleitoral. A primeira parada será na capital paulista por uma questão simbólica e de gratidão aos movimentos sociais do estado.


Um dos pedidos que o presidente Lula fez ao político do PSOL foi que o novo ministro fortaleça a discussão de três assuntos com os movimentos sociais:

  • fim da escala de trabalho 6x1;
  • direitos dos trabalhadores informais, como de aplicativos e microempreendedores; e
  • participação popular nas definições orçamentárias.

Em relação ao fim da escala 6x1, o governo apoia a proposta de emenda à Constituição (PEC) da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP).

A PEC está parada na Câmara e está longe de ter apoio suficiente para ser aprovada até as eleições de 2026.

Boulos deve trabalhar com a ministra Gleisi Hoffmann (PT) no tema, mas espera também que o governo crie um "caldo social" para pressionar o Congresso.

A estratégia do novo ministro será utilizar a força do governo para popularizar o tema, inclusive, em campanhas publicitárias.

Em entrevista à GloboNews na última semana, Boulos confirmou que Lula lhe deu a tarefa de construir debate com os trabalhadores de aplicativo.

Ele insere essa tarefa no contexto de uma mudança no perfil da classe trabalhadora, que se tornou "mais dispersa, difusa, flexível, por plataformas ou trabalhando na informalidade", o que, segundo ele, desafia a capacidade de mobilização histórica da esquerda.

G1
https://g1.globo.com/politica/noticia/2025/10/29/boulos-toma-posse-como-ministro-da-secretaria-geral-com-missao-de-colocar-governo-na-rua.ghtml