O projeto de construção do túnel na avenida Sena Madureira sofreu uma derrota esta semana, com a recomendação, por parte do Ministério Público do Estado de São Paulo, para finalizar as obras já em andamento e iniciar uma nova licitação. A decisão é uma derrota pessoal do prefeito Ricardo Nunes, defensor intransigente da mudança que comprometerá uma das vias mais bonitas da capital paulista.
O Ministério Público (MP) deu 10 dias para a Prefeitura de São Paulo rescindir o contrato das obras referentes ao túnel, no bairro da Vila Mariana, zona sul da capital, sob o risco de Ricardo Nunes ser alvo de uma ação civil pública por improbidade administrativa. A recomendação é resultado de um dos três inquéritos abertos no MP para investigar a obra. Questionada, a Prefeitura disse que irá acatar.
"Essa licitação está completamente contaminada por crimes. Não tem o menor cabimento dar continuidade nessas obras", disse o promotor Silvio Marques ao jornal O Estado de S. Paulo. Para o MP, o atual contrato embute "crimes, fraudes e superfaturamento de preços durante processo licitatório".

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As obras começaram em setembro de 2024, com um custo estimado em R$ 531 milhões, mas foram paralisadas após diversas ações judiciais. Para além das irregularidades na licitação, o projeto também é investigado pelos impactos ambientais por conta do corte de dezenas de árvores, e pelos danos sociais, uma vez que prevê o desalojamento de cerca de 150 pessoas que moram em uma comunidade próxima.
O anúncio de construção do túnel movimentou, desde o ano passado, ativistas, vereadores, deputados e moradores da região, que realizaram inúmeros protestos no local e conseguiram catalisar o apoio não só do entorno da Vila Mariana mas também de outras regiões da cidade.

Protesto contra obra na Sena Madureira - Divulgação