Nas entrelinhas: Bolsonaro disputa segundo turno contra aliados, por Luiz Carlos Azedo

Nas entrelinhas: Bolsonaro disputa segundo turno contra aliados, por Luiz Carlos Azedo

O ex-presidente quer remover eventuais candidaturas competitivas de aliados em 2026, para bloquear o espaço vazio criado pela sua inelegibilidade

A disputa política mais importante para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva continua sendo a de São Paulo, na qual mantém a liderança o prefeito Ricardo Nunes (MDB), que, nesta terça-feira, almoçou com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). O ex-presidente Michel Temer (MDB) também estava no evento. A rigor, a disputa de Lula em São Paulo é mais com Tarcísio do que com Bolsonaro. No encontro, o governador reiterou seu apoio ao ex-presidente em 2026.

Candidato à reeleição, Nunes (MDB) teria 51,7% das intenções de voto no segundo turno. Já Guilherme Boulos (PSol), 39,6%, segundo levantamento do instituto Paraná Pesquisas divulgado nesta terça-feira. Votos em branco, nulo e nenhum somam 5,3%. Outros 3,4% não souberam ou não responderam à pesquisa. Foram ouvidos 1.500 eleitores entre 18 e 21 de outubro. Nesta quarta-feira, deve ser divulgada uma nova pesquisa da Quaest; quinta-feira, será a vez do DataFolha.

No segundo turno, Bolsonaro está empenhado em remover eventuais candidaturas competitivas de aliados em 2026, para bloquear o espaço vazio criado pela sua inelegibilidade. Ao contrário de São Paulo, onde rejeitou o apoio a Pablo Marçal (PRTB), em algumas capitais o ex-presidente da República lançou candidatos com o propósito de derrotar aliados que ensaiam candidaturas presidenciais.

Mui amigos


Em Goiânia, Bolsonaro confrontou o governador Ronaldo Caiado (União Brasil), que não esconde o desejo de se candidatar à Presidência em 2026. Uma derrota humilhante na capital goiana mataria a pré-candidatura do União Brasil no nascedouro. Caiado reagiu.

Sandro Mabel (União Brasil) havia ficado em segundo lugar no primeiro turno, com 27,66% dos votos válidos, atrás de Fred Rodrigues (PL), o candidato de Bolsonaro, que teve 31,14%. Na quinta-feira passada, Mabel havia virado a eleição, com 46% das intenções de voto, à frente de Rodrigues (39%), segundo a Quaest.

Situação semelhante é a de Curitiba, com uma disputa acirrada entre o vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD), candidato do governador Ratinho Junior (PSD), outro pretendente à Presidência, e a jornalista Cristina Graeml (MDB), que foi apoiada por Bolsonaro no primeiro turno.

Segundo AtlasIntel, em 16 de outubro, Pimentel tinha 49% e Graeml, 44,9%. Pimentel ainda tem esperança de que Bolsonaro não vá à capital paranaense fazer campanha para a sua adversária. O presidente do PSD, Gilberto Kassab, pediu ajuda ao presidente do PL, Valdemar Costa Neto, para convencer Bolsonaro a sair da disputa.

Em Belo Horizonte, o governador Romeu Zema (Novo) anunciou neutralidade no segundo turno. Já houve uma virada eleitoral. O prefeito Fuad Noman (PSD) ficou em 2º lugar no primeiro turno, com 26,54%, atrás de Bruno Engler (PL), o candidato de Bolsonaro, com 34,38%. No levantamento divulgado na quarta (16), Noman aparece com 46% das intenções de voto no 2º turno, à frente de Engler, que tem 37%. Havia expectativa no PL de que Zema apoiasse Engler.

Bolsonaro ainda não desistiu de disputar a Presidência nas eleições de 2026, apesar de inelegível. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, tem reiterado essa possibilidade e articula a aprovação de uma anistia para os envolvidos na tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023 e para o ex-presidente. Projeto de anistia em tramitação no Congresso vem sendo utilizado como moeda de troca pela bancada do PL, que tem 95 deputados, a maior da Câmara, nas negociações da sucessão de Arthur Lira (PP-AL). Além disso, caso permaneça inelegível, o candidato do PL seria o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), um dos filhos do ex-presidente.

Outras capitais


O PL disputa o segundo turno com a faca nos dentes em Aracaju, Belém, João Pessoa e Manaus. Em Aracaju, Emília Correa (PL) teve 41,62% no 1º turno, ante 23,86% de Luiz Roberto (PDT). Em Belém, Igor Normando (MDB) teve 44,89% no 1º turno, ante 31,48% de Delegado Eder Mauro (PL). Em João Pessoa, Cícero Lucena (PP) teve 49,16% no 1º turno, ante 21,77% de Marcelo Queiroga (PL). Em Manaus, segundo o Real Time Big Data, em 15 de outubro, o deputado federal Alberto Neto (PL) aparece com 51%, e prefeito Davi Almeida, com 49%.

O PT disputa o segundo turno em Cuiabá, Fortaleza, Natal e Porto Alegre. Empate técnico em Cuiabá, entre o deputado federal Abílio Brunini (PL), com 44%, e o deputado estadual Lúdio Cabral (PT), 41%, de acordo com pesquisa Quaest de 16 de outubro. Em Fortaleza, o deputado federal André Fernandes (PL) teria 45% das intenções de voto; e o deputado estadual Evandro Leitão (PT), 43%, segundo o DataFolha divulgado na quinta-feira. Em Natal, a Paraná Pesquisas aponta liderança do empresário Paulinho Freire (União Brasil), com 50,9%, sobre a deputada federal Natália Bonavides (PT), com 38%. Em Porto Alegre, pesquisa Quaest na quinta-feira (17) aponta para a reeleição do prefeito Sebastião Melo (MDB), com 52% das intenções de voto. A deputada federal Maria do Rosário (PT) tem 30%.

Correio Braziliense
https://blogs.correiobraziliense.com.br/azedo/nas-entrelinhas-bolsonaro-disputa-segundo-turno-contra-aliados/