Pizzaria mais antiga do Brasil, Castelões, do Brás (SP), completa 100 anos em outubro

Pizzaria mais antiga do Brasil, Castelões, do Brás (SP), completa 100 anos em outubro

Por suas mesas de toalhas xadrez passaram Getúlio Vargas, Luiz Gonzaga e Fernando Henrique Cardoso

Inaugurada em outubro de 1924 no bairro italiano do Brás, zona central de São Paulo, a Pizzaria Castelões está comemorando seu centenário e o status de pizzaria mais antiga do país. No próximo dia 1º de outubro, quando celebra a data, a casa continuará recebendo seus tradicionais ou novos clientes no mesmo ambiente que remete ao século passado, com suas toalhas quadriculadas, quadros, objetos antigos, garrafas de vinho e linguiças penduradas no teto.




Quem chega ao local, na rua Jairo Góes, 126, dá de cara com o letreiro nostálgico em neon, que provavelmente não será visto em pizzarias mais modernas e badaladas da cidade e que já fornece a dica da idade da casa. A Castelões hoje é conduzida por Fábio Donato, de 51 anos, que representa a terceira geração da família fundadora do negócio.


Nesses 100 anos de vida, passaram por aquela rua do Brás, fora dos principais circuitos de bares e restaurantes de Sao Paulo, pelo menos dois presidentes: Getúlio Vargas e Fernando Henrique Cardoso que, segundo relatos, comemorou com a família a vitória na eleição de 1995. E mais o "rei do baião" Luiz Gonzaga, que chegou a dar uma canja ali; o campeão mundial de boxe Éder Jofre; e o cantor e compositor Adoniran Barbosa, entre muitas outras personalidades.

Representantes do futebol paulista, em especial o Palmeiras da colônia italiana, também compareciam. Ermelino Matarazzo, filho do conde Francisco Matarazzo Júnior, era goleiro reserva do Palmeiras nos anos 1950 e dirigia a equipe de futebol das Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo. Com ele, iam à pizzaria alguns dos ídolos do clube, como Oberdan Catani, Julinho Botelho e Jair Rosa Pinto.

Fundada pelo napolitano Ettore Siniscalchi e pelo calabrês Vicente Donato, a Castelões ganhou esse nome em homenagem a um time de futebol amador homônimo, formado por imigrantes italianos que viviam na vizinhança.


Após as partidas, conta Fábio Donato na sua conta no Instagram, os jogadores batiam ponto no mesmo imóvel da rua Jairo Góis, isso muito antes dele se tornar um restaurante. O encontro não era apenas por conta da uma estrutura improvisada de vestiários; ali também havia um fogareiro com duas bocas, onde se preparava a comida que abastecia a turma de ítalo-brasileiros.

Nos primeiros anos de funcionamento como pizzaria (e cantina), depois que o restaurante fechava, um vendedor saía da Castelões com uma caixa carregada de pizzas. As redondas eram vendidas à noite para os operários nas portas das fábricas da região do Brás e da Mooca. Com isso, o paulistano cultivou o hábito de comer pizza somente no jantar, revelou em conversas com a imprensa o proprietário.



A iguaria que deu fama à casa foi batizada com o nome da pizzaria: Castelões (R$ 136,00). Uma receita napolitana, elaborada com farinha de trigo italiana, água, sal e fermento biológico seco. Após 72 horas de maturação, é aberta com as palmas das mãos até ficar com espessura fina, mas sem apertar as bordas, para que elas cresçam no forno, que não tem termostato e é controlado "no olho" pelo dono.

Outra combinação é mais mais recente e vem fazendo sucesso como parte de uma homenagem prestada por uma das mais famosas casas da atualidade - a Bráz Pizzaria -, rede pertencente à Cia Tradicional de Comércio.

A redonda leva o nome da homenageada e está no cardápio das duas pizzarias, feita com cobertura de queijo caccio cavalo, molho de tomate italiano e dois tipos de calabresa artesanal (R$ 125). A receita ficará em cartaz até o dia 11 de agosto, tanto nas unidades da Bráz Pizzaria quanto na própria Castelões.