Boulos: Quero discutir São Paulo, mas é 'inevitável' polarização com Nunes

Boulos: Quero discutir São Paulo, mas é 'inevitável' polarização com Nunes

Caíque Alencar, Ana Paula Bimbati Anna Satie

O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, afirmou que pretende discutir os problemas da capital, mas que é "inevitável" evitar a polarização nacional nas eleições municipais. Ele participa de sabatina do UOL e do jornal Folha de S.Paulo hoje.



O que aconteceu

Boulos disse que a eleição é sobre a cidade, mas com um "pacto nacional". "Pode parecer que é só polarização ideológica, mas não é só isso não. É também sobre a cidade de São Paulo", afirmou.

Pré-candidato afirmou que a maioria dos eleitores não sabe quem Lula e Bolsonaro apoiam. "Eu quero discutir os temas da cidade, mas é inevitável, ainda mais no país polarizado, um tudo que a gente viveu nos últimos anos, a gente saber quem apoia quem. A gente [precisa] saber que o atual prefeito colocou um vice indicado pelo Jair Bolsonaro que acha que tem que tratar diferente quem mora nos jardins e na periferia", disse.

A maior parte do público de zero a dois salários mínimos, que está nas periferias sofrendo as consequências, não sabe que o Ricardo é apoiado pelo Bolsonaro, não sabe que eu sou apoiado pelo Lula, não conhece ainda o xadrez eleitoral de São Paulo e não conhece as propostas de cada um dos candidatos. Esse público ainda vai saber. Esse é o público que eu não tenho a menor dúvida que vou crescer.

Datafolha de julho apontou que 65% dos eleitores paulistanos rejeitam votar em candidato apoiado por Bolsonaro. A pesquisa também mostrou que mais da metade (56%) do eleitorado mudaria o voto pela rejeição ao padrinho político. Rejeição a apoiado por Lula (PT) é de 45%.

O psolista criticou o atual prefeito, apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Boulos fez as críticas ao ser questionado sobre o ato de 1º de Maio em que Lula pediu votos a ele. A Justiça condenou o ex-presidente e o pré-candidato pelo pedido. "Acho impressionante quererem inverter onde está o uso da máquina pública. O atual prefeito usa cada inauguração, às vezes uma placa, um metro de asfalto, chama imprensa, fala mal de mim, se promove com dinheiro publico e isso é tratado como natural. O Ricardo Nunes teve várias condenações por campanha antecipada", afirmou.

Boulos disse que Lula não errou ao ter pedido votos para ele. "Acho que expressou a posição dele em ato das centrais [sindicais], que não era ato oficial de governo, num feriado em que ele estava fora da agenda oficial. Nós recorremos à Justiça Eleitoral. A campanha recorreu."

Pré-candidato do PSOL disse que Nunes tem medo de aparecer em eventos com Lula. Boulos afirmou que tanto o prefeito da capital quanto o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) são convidados para participar de agendas públicas do presidente em São Paulo, mas nenhum deles vai. "Acho que o Nunes não vai porque ele tem medo de aparecer ao lado do presidente e ser alvo dos bolsonaristas, porque ele está refém do bolsonarismo."

O prefeito e o governador não participaram de evento com Lula no final de junho. Nessa agenda, o presidente iria assinar o contrato de expansão da linha 5 do metrô - por conta da ausência dos dois, Lula disse que não assinou o documento. Em nota no dia seguinte ao evento, o governo do estado de São Paulo disse que Tarcísio não foi ao evento porque o contrato já estava assinado.

Quem é Guilherme Boulos


Guilherme Castro Boulos, 42, vai concorrer à Prefeitura de São Paulo pela segunda vez. Na primeira tentativa, em 2020, ele chegou ao segundo turno e teve mais de um milhão de votos, mas acabou derrotado por Bruno Covas (PSDB), morto no ano seguinte. Em 2022, foi eleito deputado federal por São Paulo com a maior votação para o cargo no estado.

Filho de médicos, Boulos é formado em filosofia e mestre em psiquiatria, mas ficou conhecido pela atuação política. Ele começou sua militância no movimento estudantil e se tornou líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto). Em 2018, candidatou-se à Presidência da República e ficou em 10º lugar no primeiro turno, com pouco mais de 600 mil votos.

Boulos tem disputado a liderança nas pesquisas eleitorais com o prefeito Ricardo Nunes (MDB). Na sondagem mais recente do Datafolha, divulgada na última segunda-feira (8), Nunes marcou 24% contra 23% de Boulos, um empate técnico - a margem de erro foi de três pontos percentuais para mais ou para menos.

Uol
https://noticias.uol.com.br/eleicoes/2024/07/12/sabatina-guilherme-boulos-sao-paulo.htm