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Chuvas no Sul: mortes, destruição e descaso com prevenção de enchentes

Chuvas no Sul: mortes, destruição e descaso com prevenção de enchentes

As inundações que atingem o Rio Grande do Sul desde o início da semana passada já causaram 90 mortes, deixaram 123 registros de desaparecidos e afetaram mais de 1 milhão de pessoas, segundo dados atualizados esta manhã pela Defesa Civil estadual.

A tragédia também foi abordada na entrevista semanal desta manhã do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que já fez duas visitas à capital gaúcha para se encontrar com o governador Eduardo Leite e disponibilizar vários ministérios na ajuda ao sul do país. "O Governo Federal fará tudo que estiver ao seu alcance para apoiar a reconstrução do Estado", reafirmou Lula.



© Max Wender/Casa Militar ES

A capital Porto Alegre e várias cidades da região metropolitana e do interior estão ocupadas pelas águas, causando uma série de transtornos para a vida das pessoas, como paralisações de aeroportos, rodoviárias, hospitais e demais serviços públicos. Diversos outros equipamentos públicos foram afetados, como as arenas do Internacional, do Grêmio e o hipódromo do Cristal, próximo às margens do Rio Guaíba.

O resultado das fortes chuvas e dos problemas causados pelas inundações no estado gaúcho está sendo comparado ao deixado pelo furacão Katrina, que em 2005 destruiu a região metropolitana de Nova Orleans, na Lousiana (EUA), atingiu outros quatro estados norte-americanos e causou mais de mil mortes, como informou nesta terça-feira, dia 7, o jornal Folha de S. Paulo.


Pessoas são resgatadas de barco em Santa Cruz do Sul. Foto: Prefeitura de Santa Cruz do Sul

A Prefeitura de Porto Alegre não investiu um real sequer em prevenção a enchentes em 2023, apurou nesta terça o portal UOL. A situação ocorre mesmo com o departamento que cuida da área tendo R$ 428,9 milhões em caixa. Os dados foram retirados do Portal da Transparência de Porto Alegre. O site questiona a Prefeitura sobre o assunto desde o último domingo, mas ainda não obteve resposta do prefeito Sebastião Melo (MDB) ou de sua assessoria.

Até chegar à inimaginável cifra de "R$ 0", o investimento para prevenção a enchentes caiu dois anos seguidos em Porto Alegre. O orçamento tem um item chamado "Melhoria no sistema contra cheias", que recebeu zero recurso ano passado, a saber: 2021 - R$ 1.788.882,48 (R$ 1,7 milhão); 2022 - R$ 141.921,72 (R$ 141 mil); 2023 - R$ 0.

Apesar da falta de investimentos, há dinheiro disponível. O Departamento Municipal de Águas e Esgotos (DMAE), responsável por cuidar da gestão desta área, tem R$ 428,9 milhões no chamado "ativo circulante". Esta expressão representa os bens de maior liquidez de uma empresa, ou seja, que podem ser convertidos em dinheiro em até 12 meses. Enquanto o gasto com proteção contra cheias foi zero, o resultado patrimonial apresentou superávit de R$ 31.176.704,80 (R$ 31,1 milhões), informa trecho do balanço do DMAE, conforme apurou a reportagem do UOL.