Aldo Rebelo, secretário de Relações Internacionais da prefeitura de São Paulo | Imagem: Maria Isabel Oliveira/ Agência O Globo
Ex-ministro de Lula e Dilma ganha força para ser vice de Nunes em SP, mas Bolsonaro e PDT são entraves

Ex-ministro de Lula e Dilma ganha força para ser vice de Nunes em SP, mas Bolsonaro e PDT são entraves

Nome de Aldo Rebelo é o preferido de prefeito paulistano para compor a chapa, mas ex-presidente teria que abrir mão de indicação do PL


Por Bianca Gomes - São Paulo

Secretário municipal de Relações Internacionais e ex-ministro dos governos Lula e Dilma Rousseff (PT), Aldo Rebelo emerge como o principal nome para compor a chapa do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB). Mas a escolha de seu nome enfrenta dois importantes entraves: é preciso convencer o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e escolher um outro partido para o secretário, já que o PDT, ao qual ele é filiado e está atualmente licenciado, apoia a pré-candidatura do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) na corrida eleitoral paulistana.

Aldo é, inclusive, a preferência do próprio prefeito e conta com respaldo de integrantes do MDB e do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Há uma percepção geral de que o secretário ajudaria a manter a candidatura de Nunes ao centro, já que ele tem um histórico de atuação na esquerda e bom trânsito com a direita.

Antes de consolidar sua indicação, porém, há uma série de obstáculos a serem superados. Um deles é persuadir Bolsonaro de que o ex-ministro é a melhor opção para a chapa, pois, neste cenário, o ex-presidente não teria mais um vice para chamar de seu.


Ricardo Nunes e Aldo Rebelo - Foto: Reprodução / Instagram

De acordo com pessoas próximas, Bolsonaro tem simpatia por Aldo, mas não se convenceu de que ele é o nome ideal. Interlocutores afirmam que tem pesado para o ex-presidente o fato de ele já ter renunciado à ideia de lançar um candidato próprio - no caso, o deputado federal Ricardo Salles (PL) - e ter indicado o nome do coronel aposentado da PM Ricardo Mello Araújo para ser o vice de Nunes.

Mello Araújo não é uma escolha unânime no entorno do prefeito e nem entre os aliados de Bolsonaro, pois acham que o ex-comandante da Rota poderia, em vez de agregar, acabar retirando votos de Nunes.

A ampla rejeição ao nome de Mello Araújo tem credenciado Sonaira Fernandes como um plano B de Bolsonaro para a chapa. Secretária de Políticas para a Mulher do governo Tarcísio de Freitas, Sonaira se filiou ao PL na última segunda.

A entrevista de Aldo ao GLOBO, na última terça-feira, foi interpretada pelos bolsonaristas como um gesto do secretário na direção de Bolsonaro. Aldo defendeu o ex-presidente das acusações de tentativa de golpe de Estado, declarou que ele está sendo "perseguido" e expressou "apreço" pelo ex-mandatário.

A indicação de Aldo para a vaga de vice também depende de um rearranjo partidário. Hoje, o secretário está licenciado do PDT, partido que já declarou apoio à pré-candidatura de Guilherme Boulos (PSOL) em São Paulo. Segundo apurou O GLOBO, uma das opções é o Solidariedade. O secretário de Nunes planeja conversar com o vice-presidente da sigla, o deputado federal Paulinho da Força (SP).

As chances de Aldo se filiar ao PL de Bolsonaro são vistas como remotas, pois os membros do diretório municipal de São Paulo rejeitam internamente a ideia de aceitar um ex-comunista na legenda.

Todo o impasse precisa ser resolvido até 6 de abril, prazo para os interessados em participar da eleição deste ano se filiarem a um partido. Se até lá Aldo não trocar de partido, ele será descartado como opção para a chapa.

O Globo
https://oglobo.globo.com/politica/noticia/2024/03/29/ex-ministro-de-lula-de-ganha-forca-para-a-vice-de-nunes-em-sp-mas-bolsonaro-e-pdt-sao-entraves.ghtml