Chantal Sutherland representa o sucesso das mulheres no mundo do turfe - e fora dele também

Já vão longe os tempos em que a mulher enfrentava sérias dificuldades e barreiras para se impor em uma profissão só de homens; no caso específico, a de jóquei. Foi em 1969 que Barbara Jo Rubin, de apenas 19 anos, surgiu como pioneira ao ganhar a primeira corrida de uma joqueta nos Estados Unidos - ela começou a montar um ano antes, em 1968. Barbara, que escolheu o novo esporte para fortalecer as pernas depois que teve poliomielite, cruzou o disco em primeiro pilotando Cohesion, no nono páreo de um programa de corridas no hipódromo de Charles Town, em Virginia.

O caminho estava aberto para as mulheres, no turfe norte-americano e também internacional. Logo em seguida a Barbara, há registros, sem datas bem definidas, de que a segunda joqueta profissional foi Suzana Davis, no início dos anos 1970. A jovem gaúcha foi a primeira a montar na América do Sul, e pode-se dizer que a primeira a obter sucesso mundial na profissão, já que ganhou cerca de 800 páreos e fez carreira entre o Brasil, o Uruguai e a Argentina.



Suzana Davis - Antônio Carlos Mafalda / Agencia RBS

Desde então, uma sucessão de joquetas, uma melhor do que a outra, impôs uma concorrência cada vez maior para os homens. Desde a argentina Marina Lezcano, passando pela chilena Fresia Garcia, até chegar aos dias atuais, em que Jeane Alves, atuante no turfe paulista, ostenta o título de primeira joqueta vencedora do GP São Paulo. A principal prova do Hipódromo Paulistano completa 100 anos em 2023 - Jeane foi a ganhadora ano passado com o cavalo Roxoterra e estará novamente abrilhantando a competição este ano.

Nos Estados Unidos, a tendência também se firmou. E permitiu o surgimento de nomes como o de Julie Krone, aposentada em 2004, "Hall of Fame" que ganhou 3.700 corridas no turfe mais competitivo do mundo. Uma vez fora das raias, Julie tornou-se comentarista de uma rede de televisão especializada em turfe, colocando em evidência para o grande público uma profissão que, até pouco tempo atrás, era reservada só aos homens.

Outro nome que chegou a se aposentar no meio do caminho, por conta de um casamento mal sucedido, mas voltou a montar, é o da canadense Chantal Sutherland, de 47 anos, atualmente em plena atividade. Ela começou em Woodbine, principal hipódromo de seu país, mas logo percebeu que, para fazer uma carreira de sucesso, precisaria cruzar a fronteira. Em 2004, Chantal iniciou-se em Laurel Park, então um hipódromo de peso no concorrido turfe dos EUA, e naturalizou-se norte-americana.

De Maryland, Chantal seguiu para a Florida, depois Nova York, até chegar a Califórnia, centro que rivalizava com a Costa Leste para deter a primazia de melhor turfe norte-americano. Montando nesses grandes prados, sua carreira só fez crescer. Ela continuou trabalhando também no Canadá, devido à curta distância entre os dois países, e venceu várias provas clássicas, como a Hollywood Gold Cup (G.1) de 2012, em Hollywood Park, Los Angeles.


Chantal Sutherland - Divulgação

Mas a carreira de Chantal Sutherland nunca se restringiu às pistas, dividindo-se, graças a sua beleza e talento artístico, entre o turfe e a profissão de modelo. Assim é que se tornou capa da Sports Ilustrated, Vogue e People, chegando a participar também de alguns episódios da série Luck, da HBO. Namorou durante seis anos o jóquei Mike Smith, um "Hall of Fame" e, quando todos esperavam a união definitiva do famoso casal, acabou se casando com o empresário Dan Kruse, uma relação curta que terminou em 2016.

Por um breve período, ela anunciou sua retirada das pistas e a aposentadoria das rédeas. Em 2013, seu nome já estava de volta aos programas de Hollywood Park. Atualmente, já perto dos 50, monta em um ritmo menor na Flórida, e participa de alguns eventos internacionais como o campeonato de joquetas que recentemente reuniu profissionais de todo o mundo durante a Saudi Cup, na Arábia Saudita, concurso que também contou com a presença da brasileira Jeane Alves.


A joqueta Jeane Alves - Divulgação JCSP

O currículo de Chantal Sutherland soma cerca de 1.200 vitórias, que, segundo recente reportagem do jornal inglês Daily Star Football, lhe renderam uma fortuna estimada em US$ 40 milhões - sem contar nessa soma milionária os trabalhos como modelo ou, mais recentemente, "digital influencer".

Em outra previsão, feita pelo jornal com base em dados do site Caknowledge , o "net worth" dado à joqueta pelo mercado, ou o valor gerado pelos seus negócios na internet, alcança o equivalente a 20,77 milhões de libras esterlinas, ou mais de US$ 25 milhões. Ativa nas redes sociais, Chantal é fã de esportes e, além de montar, pratica golfe e boxe.

Para efeito de comparação, o Daily Star Football revela que o net worth dela tem mais do que o dobro de valor atual do ex-campeão mundial de boxe Mike Tyson, ganhador de US$ 300 milhões em suas lutas e títulos e hoje empresário - ou eventualmente ator com participações especiais em filmes de Hollywood.