Apostas serão concentradas no totalizador do Jockey Club Brasileiro, no Rio | Imagem: Divulgação
Jockeys Clubs implantam ''pedra única'', uma grande plataforma de apostas, mas não divulgam o fato

Jockeys Clubs implantam ''pedra única'', uma grande plataforma de apostas, mas não divulgam o fato

Os quatro maiores Jockeys Clubs do País - Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul - divulgaram esta semana o lançamento da "Pedra Única", uma plataforma exclusiva para totalização das apostas de todos esses centros de corridas. Também chamada de "Totalizador Único", a pedra representa uma demanda de quase três décadas do turfe brasileiro, e sua entrada em ação deveria ser comemorada e amplamente divulgada.

Mas não. Para as diretorias dos quatro "grandes" clubes, bastou inserir a novidade em seus próprios sites e mandar para duas ou três publicações especializadas em turfe e, pronto, a missão foi cumprida. Não foi montado um evento mais significativo para impulsionar o lançamento, como um seminário, workshop ou uma essencial coletiva de imprensa para a qual não apenas os especialistas seriam convocados, mas também jornalistas das áreas de esporte, economia e tecnologia.

Com a proximidade cada vez maior da aprovação do projeto de lei da legalização das apostas no Congresso, jornalistas desses setores têm se interessado em conhecer melhor como se administram as apostas, presenciais e principalmente online - em turfe, futebol, tênis, boxe, golfe e até em eleições presidenciais. O desconhecimento em relação ao setor, fruto de décadas de ilegalidade de muitas apostas (mas não o turfe, que sempre foi legalizado), levou esses profissionais a terem dificuldade em lidar com termos que são básicos para os habitués, como pules e rateios.



Totalizador de apostas do JCB - Divulgação

Uma divulgação mais pormenorizada também seria útil para esclarecer dúvidas que agora estão sendo discutidas em redes sociais não oficiais, pois dos Jockeys Clubs pouco se pode tirar de informação útil. A começar do principal propósito da "Pedra Única", o de direcionar as apostas para um único banco de dados (o do Rio, o mais moderno), concentrando arrecadações mais altas em cada páreo, suportando apostas mais vultosas, sem necessariamente baixar demais os rateios - como acontece nos dias de hoje. Para se chegar a isso, o sistema foi padronizado e algumas modalidades de jogo desapareceram, ponto onde também faltou uma melhor satisfação aos apostadores - novos ou veteranos.

De uma coisa não se pode acusar os quatro Jockeys Clubs: incoerência. Há 15 anos, a extinta Associação Paulista de Fomento ao Turfe (APFT) produziu um documento, com o auxílio de alguns criadores de cavalos da raça PSI, intitulado "Projeto Turfe Forte". Nele, a entidade dava as linhas mestras para uma modernização e profissionalização das corridas no Brasil. Houve um grande esforço de mobilização que contou com o apoio de mais de 20 pequenos hipódromos do Sul ao Norte do País, mas, novamente, os quatro grandes omitiram-se, não divulgaram o projeto, cada qual com a sua desculpa ou necessidade; cada qual olhando para o rabo do seu próprio cavalo.

Por isso, pode-se supor que essas entidades sofram de acomodação, amadorismo ou até displicência. Mas jamais de incoerência.