Lorena Barros e Mariana Durães
O norte-americano Robert Prevost, 69, é o novo papa. O nome dele, escolhido hoje no conclave e foi anunciado ao mundo da sacada da Basílica de São Pedro, no Vaticano, após quatro escrutínios.
O que aconteceu
Pontífice usará o nome de Leão 14. O anúncio foi feito pelo cardeal Dominique Mamberti em latim, seguindo a tradição da Igreja Católica. "Annuntio vobis gaudium magnum: Habemus Papam" ("Anuncio-vos uma grande alegria: temos um papa"), afirmou. O nome papal costuma homenagear santos, apóstolos ou ser uma referência a papas anteriores. O último papa Leão é conhecido pela promulgação em 1891 da encíclica Rerum Novarum, primeira a tratar dos temas ligados à Doutrina Social da Igreja.Ele lembrou o papa Francisco e saudou a "todos que precisam da nossa caridade, presença, diálogo e amor". Após surgir na sacada, o novo papa fez a bênção "urbi et orbi" (à cidade e ao mundo), direcionada aos fiéis que se aglomeravam em frente à Basílica de São Pedro. Confira o discurso de Leão 14.
"Obrigado, papa Francisco", disse ele, agradecendo a seus colegas cardeais por elegê-lo. Leão 14 dirigiu-se aos mais de 1,4 bilhão de católicos: "A paz esteja com todos vocês" foram suas primeiras palavras, em italiano com sotaque americano.
Era muito próximo do papa Francisco. Frequentemente descrito como discreto e reservado, Prevost passou anos mergulhando nas "periferias", aqueles territórios que até então eram remotos ou negligenciados pela Igreja, assim como seu antecessor. Foi Francisco quem o chamou para o governo do Vaticano.
De arcebispo emérito de Chiclayo (750 km ao norte de Lima) para prefeito do Dicastério. Em 2023, foi para Roma, tornou-se arcebispo, prefeito do Dicastério para os Bispos e presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina, ou seja, liderava um cargo importate, encarregado de nomear bispos em todo o mundo.
Primeiro papa agostiniano, no discurso enfatizou ser um "filho de Santo Agostinho". Ele começou na igreja em 1978, fez votos solenes em 1981 e entrou para a comunidade agostiniana, um dos ramos mais antigos da Igreja Católica. Inspirada na vida e nos escritos de Santo Agostinho, ela une espiritualidade profunda com compromisso intelectual e social. Os agostinianos são uma das ordens mendicantes da Igreja Católica, e tem como uma de suas marcas a assistência aos pobres.
É natural de Chicago e o papa mais jovem dos últimos 35 anos. Nasceu em 14 de setembro de 1955, filho Louis Marius Prevost, de ascendência francesa e italiana, e de Mildred Martínez, de ascendência espanhola. Ele tem dois irmãos, Louis Martín e John Joseph. Desde 1990, não há um papa com menos de 70 anos comandando a Igreja Católica.
Além de norte-americano, é também peruano e citou ao país na sua primeira bênção. Prevost, que chamou os peruanos de "um povo fiel", voltou ao país latino como bispo de Chiclayo em 2014 e ganhou a cidadania no ano seguinte. Prevost passou um terço de sua vida nos EUA.
Antes de se tornar padre, aos 22 anos, se formou matemático. Estudou na Catholic Theological Union em Chicago, graduando-se em teologia. Aos 27 anos, foi enviado por seus superiores a Roma para estudar direito canônico na Pontifícia Universidade de Santo Tomás de Aquino. Ganhou o título de "Doutor da Igreja" por sua contribuição significativa à teologia ou doutrina da igreja.
Considerado um 'digno meio termo', tem compromisso com os pobres e migrantes, mas opiniões pouco receptivas a LGBTs. As informações são do jornal The New York Times, que lembrou entrevistas do pontífice e ouviu também o reverendo Michele Falcone, 46, um padre da Ordem de Santo Agostinho, anteriormente liderada pelo cardeal Prevost.
Também foi descrito como "um moderado construtor de pontes". Em seu primeiro discurso, falou exatamente sobre "construir pontes" e "paz desarmada. Segundo especialistas, ele era um dos cardeais com maior chance de conseguir o cargo por sua "inclinação pastoral, perspectiva global e capacidade de governar a Cúria Romana". São traços que também se ligam à história do primeiro papa Leão.
Após a morte de Francisco, Prevost disse que ainda havia "muito a fazer" na transformação da Igreja. "Não podemos parar, não podemos retroceder. Temos que ver como o Espírito Santo quer que a Igreja seja hoje e amanhã, porque o mundo de hoje, em que a Igreja vive, não é o mesmo que o mundo de 10 ou 20 anos atrás", disse ele, no mês passado, ao Vatican News. "A mensagem é sempre a mesma: proclamar Jesus Cristo, proclamar o Evangelho, mas a maneira de alcançar as pessoas de hoje, os jovens, os pobres, os políticos, é diferente
Robert Prevost
Amigo de Prevost disse que o novo papa é um firme defensor da gestão de Francisco nas questões de justiça social. O reverendo Mark Francis, que o conhece desde a década de 1970, contou que ele "sempre foi amigável e afetuoso e permanecia sendo uma voz de bom senso e das preocupações práticas para o alcance da Igreja aos pobres".
Ele tem um senso de humor irônico, mas não era alguém que buscava os holofotes.Mark Francis
Demonstrava preocupação especial com os imigrantes venezuelanos no Peru. Quem conta é Jesús León Angeles, coordenadora de um grupo católico em Chiclayo que conhece Prevost desde 2018. , o chamou de uma pessoa "muito simples" que se esforçava para ajudar os outros. "Ele é uma pessoa que gosta de ajudar", disse.
Escolha do novo papa
Milhares de pessoas receberam o anúncio na praça de São Pedro. Muitos balançaram bandeiras e se emocionaram no meio do público após o anúncio.Cardeal virou papa após conseguir mais de dois terços dos votos. A fumaça branca que anunciou o novo papa saiu da chaminé da Capela Sistina às 13h07 (horário de Brasília).
O número de votos depositados no nome escolhido não foi divulgado. Mas, para ser eleito, é necessário que ele tenha recebido ao menos 89 votos - equivalente a dois terços dos 133 cardeais votantes.
Uol
https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2025/05/08/habemus-papa-novo-nome-e-anunciado.htm