"Ardente Paciência"- "Ardiente Paciencia"Chile, 2022 Direção: Rodrigo Sepúlveda, Netflix |
Ardente Paciência, um belo filme chileno, por Eleonora Rosset

Ardente Paciência, um belo filme chileno, por Eleonora Rosset

O mar verde/azul da Ilha Negra, na costa chilena, inspira o poeta que vemos caminhando pela orla.

Pablo Neruda, que já tinha sido diplomata, escolheu morar nesse lugar agreste, numa casa debruçada sobre o mar. Mas a situação política no Chile o preocupa. É 1969 e haveria eleição para Presidente da República, muito importante para o povo mais pobre do Chile.

Na mesma ilha, o jovem Mario Gonzalez (Andrew Bargsted) volta da pesca e vende seu peixe que compra o pão das famílias da ilha. Ser pescador era a única opção. Como seu pai, ser pescador era o seu destino.

Mas Mario explica para a mãe que não queria ser pescador. Com sua bicicleta, iria procurar outro trabalho.

Mario não sabia mas esse dia seria o mais importante em sua vida. Vislumbra Beatriz (Vivianne Dietz) limpando as vidraças da Hospedaria Santa Helena. Foi um momento mágico. Mario ficou seduzido para sempre.

E outro encontro que mudaria sua vida ia acontecer no mesmo dia. O Correio precisava de um carteiro. Mario, com sua alegria e prontidão, aceita o cargo e já segue rápido na direção da casa do habitante mais famoso de Isla Negra. Ia deslumbrado porque conhecer o poeta era um sonho mas também se preocupava. O poeta iria gostar de conhecê-lo?

E foi a amizade com o poeta que fez Mario descobrir sua verdadeira profissão: carteiro de Pablo Neruda. Ele era o único que recebia cartas na ilha.

E quando Mario abriu seu coração e contou que estava apaixonado por Beatriz, Neruda (Claudio Aradondo) pergunta: "Como em Dante? Mulheres com esse nome inspiram amores ardentes."

E a "ardente paciência" vai ser necessária para Mario conseguir chegar perto da amada.

E quando vem o telegrama convocando Neruda para candidatar-se à Presidência da República, Mario vai entender o desapego do amigo por poder.

O filme de 2022 foi adaptado do livro "Ardente Paciência" pelo próprio autor, Antonio Skármeta e Guillermo Calderón.

O livro foi escrito em 1983. E o próprio autor dirigiu o primeiro filme em Portugal, onde estava exilado. Ganhou muitos prêmios.

Em 1985 Skármeta mudou o nome do livro para "O Carteiro de Pablo Neruda" que fez muito sucesso e foi novamente adaptado para o cinema com direção de Michael Radford em 1994 com o nome de "Il Postino", que ganhou cinco Oscars.

Em 1971 Neruda ganhou o Prêmio Nobel de Literatura, morrendo em 1973, com 69 anos.

"Confesso que Vivi" foi seu último livro.

( O trailer está no meu blog: www.eleonorarosset.com.br )