''O Amante de Lady Chatterley'', por Eleonora Rosset

''O Amante de Lady Chatterley'', por Eleonora Rosset

"O Amante de Lady Chatterley", livro editado em 1928 pela Penguin Books de Londres, foi matéria de um processo contra a editora, considerado obsceno e portanto proibido, até sua liberação em 1960. Essa causa aumentou o interesse pelo livro, que foi lido por toda uma geração e seus descendentes.

Adaptado várias vezes para o cinema, com maior ou menor sucesso, o último romance escrito por D. H. Lawrence (1885-1930) não trata apenas de contar uma história de amor sensual. Tanto que o autor começa sua escrita com uma frase longa que fala das sequelas da Primeira Guerra Mundial (1914-1918): "Temos que viver, não importando quantos céus caírem".

Então, Constance Reid ( Emma Corrin) casa-se com Sir Clifford Chatterley (Matthew Duckett) na véspera da Primeira Guerra, em Londres. Nas primeiras cenas a vemos com sua irmã Hilda (Faye Marsag), trocando de roupa para a festa depois da cerimonia.

Connie, como todos a chamam, é bela, jovem e mostra-se encantada com o casamento e por que não dizer, o fato de tornar-se Lady Chatterley.

Hilda, a irmã mais velha, parece que não acredita em todo aquele entusiasmo. Ela já viu Connie envolvida:

"- Lembra-se do rapaz alemão?"

Mas Connie diz que tudo isso é passado e segue para a festa nos braços do marido. Ele foi convocado e no dia seguinte parte para a guerra.

Seis meses depois, ele volta paraplégico e muito mudado. Infeliz, não tem nenhum gesto de gentileza para com Connie, que se desdobra para agradá-lo. Moram agora na imensa propriedade do marido, no belo campo inglês.

Connie mostra no rosto pálido como está desencantada com a própria vida. Ama o marido cada vez menos. Invejoso, parece querer condená-la ao mesmo destino que o dele.

E, um belo dia, faz uma proposta estranha e surpreendente para Connie:

"- Por que você não tem um "affair" sem envolvimento com outro homem? Não me importaria de ter um herdeiro que todos pensassem que é meu filho."

"- E nem o nome do homem você quer saber?"

"- Confio no seu bom senso."

Connie fica mais confusa e deprimida com esse marido que fez dela uma mulher sem alegrias e fadada a procriar para o marido.

Assim, a porta estava aberta para outro homem. Aquela que era enfermeira do marido, torna-se amante de um trabalhador, que encontrou em suas caminhadas pela propriedade. Um belo rapaz, em tudo diferente do marido dela. O escândalo maior foi o fato de não ter respeitado a barreira social intocável na época.

Mas Connie estava ávida por ternura, consideração. Amar e ser amada. Com Oliver Mellors (Jack O'Connell), o guarda-caça, seu rosto antes pálido iluminou-se. Seu passo ficou mais ligeiro, seu corpo mais sensual. As tardes eram repletas de risos e desejos alcançados.

A diretora Laure de Clermont Tonnerre cria um clima de sonho no romance dos dois personagens. As cenas de sexo são tão naturais que eliminam a necessidade de pudores baratos. E eles se amam em todos os cenários possíveis. Um amor que brota da química intensa entre os dois e emociona nosso lado romântico.

Os atores são magníficos, os cenários iluminados por uma luz etérea, como se tudo fosse uma fantasia.

Essa versão de "O Amante de Lady Chatterley" é uma história de amor bem contada, como raramente se vê hoje em dia no cinema.

Não perca.

( O trailer está no meu blog : www.eleonorarosset.com.br )