Elon Musk bate o martelo e paga US$ 44 bilhões pelo Twitter

Elon Musk bate o martelo e paga US$ 44 bilhões pelo Twitter

O bilionário norte-americano de ascendência sul-africana Elon Musk firmou na noite desta quinta-feira, dia 27, o acordo de US$ 44 bilhões (US$ 54,20 por ação) para comprar e fechar o capital do Twitter, pondo fim a uma das mais movimentadas aquisições do mercado mundial nos últimos tempos.

Mostrando que os meses de negociações e interrupções deixaram rusgas, Musk entrou na empresa e de imediato demitiu o presidente-executivo do Twitter, Parag Agrawal, e o diretor financeiro, Ned Segal. O "facão" prosseguiu com as saídas de Vijaya Gadde, diretor jurídico, de política e segurança da companhia; e do conselheiro geral Sean Edgett.

Um registro regulatório na Bolsa de Valores de Nova York (Nyse) confirmou, na manhã desta sexta-feira, dia 28, que a compra foi fechada no dia anterior, e que os negócios com os papéis do Twitter foram suspensos antes de sua saída do mercado de ações, em 8 de novembro.

A proposta de Elon Musk é fazer um corte de funcionários, começando pelo topo, como já se viu, e reduzir custos no Twitter, incrementando ao mesmo tempo a inovação de produtos numa tentativa de construir um "super aplicativo" que incorpore pagamentos, comércio e mensagens. A gestão que agora deixa a empresa já trabalhava na ideia de um marketplace, como forma de trazer uma nova fonte de renda para o negócio.

O empresário também prometeu afrouxar as regras de moderação de conteúdo, revertendo inclusive expulsões permanentes. Analistas de tecnologia e política acreditam que esse poderá ser o primeiro passo para o retorno do ex-presidente americano Donald Trump, como usuário da plataforma, já que ele foi expulso na esteira da invasão do Congresso dos EUA, no dia 6 de janeiro de 2021.

Musk, que já é presidente-executivo da Tesla e da SpaceX, deverá atuar na mesma função no Twitter até escolher um novo executivo. Ele já começou a assumir a nova função com o estardalhaço que lhe é característico. Ao visitar a sede da companhia em San Francisco, disse que o "pássaro foi libertado", numa alusão ao símbolo principal da logomarca da plataforma.

O novo dono chegou para se reunir com funcionários carregando uma pia e tuitando "deixe essa pia afundar", mudando também seu perfil no Twitter para "Chief Twit". Para esses empregados, esclareceu notícia divulgada anteriormente, garantindo que não pretende eliminar 75% dos empregos.

A compra do aplicativo encerra um período de meses de negociação. Primeiro Elon Musk garantiu que iria comprar o Twitter, depois quis desistir do acordo, alegando que a plataforma enganou os investidores e autoridades reguladoras sobre contas falsas e segurança cibernética. A companhia reagiu e processou de volta, na tentativa de forçar o bilionário a concluir a aquisição, o que desencadeou uma batalha jurídica e um processo na corte do estado de Delaware.

Na tarde desta sexta-feira, dia 28, Elon Musk disse em sua conta no Twitter que a rede social terá um conselho de moderação de conteúdo. "O Twitter formará um conselho de moderação de conteúdo com pontos de vista muito diversos. Nenhuma grande decisão de conteúdo ou reintegração de conta acontecerá antes que o conselho se reúna". O comentário de Musk acontece no mesmo dia da retomada da conta de Kanye West, que havia sido suspensa após comentário antissemita do rapper norte-americano.

Já se conhece também o primeiro investidor que fez um pequeno aporte no negócio, além do majoritário dono da Tesla. É a Binance Holdings Ltd., maior exchange de criptomoedas do mundo. "Nosso objetivo é desempenhar um papel na união das mídias sociais e da Web3 para ampliar o uso e a adoção da tecnologia cripto e de blockchain", informou a corretora, citando Changpeng "CZ" Zhao, seu cofundador .

Em maio, a Binance informou que havia comprometido US$ 500 milhões para a aquisição como parte de sua estratégia de trazer mídias sociais e sites de notícias para o mundo da web3. Um porta-voz da Binance também revelou, nesta sexta-feira, que está em estudos a possibilidade de aumentar a parceria.

O termo "web3" refere-se a uma visão de uma internet descentralizada construída em torno de blockchains, a tecnologia que está por trás das criptomoedas em todo o mundo.