"Blonde" - Idem, Estados Unidos, 2022 Direção: Andrew Dominik, Netflix |
''Blonde'', a história do maior ''sex simbol'' do século 20, por Eleonora Rosset

''Blonde'', a história do maior ''sex simbol'' do século 20, por Eleonora Rosset

A procura do pai que a amasse levou Marilyn Monroe a abusos e pouco a pouco à loucura? O filme tenta trazer as imagens que fazem entender o que se passou na mente do maior "sex simbol" do século 20.

Antes de mais nada, é bom lembrar que essas histórias sobre Marilyn Monroe são ficção. Correspondem, talvez, à verdade íntima que Joyce Carol Oates, escritora famosa, intuiu sobre os fatos conhecidos da vida dela. E escreveu em 700 páginas de seu livro.

Andrew Dominik, o diretor de "Blonde", transformou em imagens essa versão, utilizando cor e preto e branco, conforme o clima interno da atriz naqueles momentos escolhidos para o filme.

As primeiras cenas de "Blonde" sugerem uma infância infeliz. A menina Norma Jeane, pequena ainda, tentava entender a loucura da mãe e ansiava por um pai. Vivia agarrada com seu tigrinho de pelúcia. Assustada.

Em cima de sua cama o retrato de um homem sedutor. A mãe diz que é seu pai mas que ele não as visita porque vive longe. Cria assim um ambiente de dúvida e desconfiança no amor do pai. Dizia que ele se fora por causa dela: "- Ninguém pode amar uma criança tão amaldiçoada".

Um dia obriga a menina a entrar na banheira e sua intenção é clara e terrível.

Esse foi o pesadelo que marcou Norma Jeane para sempre e que criou Marilyn. Uma cisão que atrapalhou a vida dela.

Orfanatos, famílias adotivas, mas ninguém que a amasse como ela precisava. Depois a mãe no sanatório, ela nos estúdios querendo ser atriz e sofrendo abusos. Queriam seu corpo sensual mas não queriam ela. Criavam um símbolo sexual para ganhar dinheiro para os estúdios.

Tudo isso e mais as pílulas para emagrecer e outras para dormir e a bebida arrastaram Marilyn para os casamentos fracassados, os abortos e finalmente para essa Marilyn sufocada por sua parte Norma Jeane, tão louca e desesperada quanto a mãe.

A atriz cubana Ana de Armas está espetacular como Marilyn, merecendo uma indicação ao Oscar. Os atores são identificados como o "ex atleta", "o escritor" e "o presidente" e são Bobby Canavale, Adrien Brody e Caspar Phillipson. Nenhum deles era o pai tão procurado e nunca encontrado. Mas ela chamava todos eles de "Daddy".

Quem assiste ao filme vê a criação de uma personagem fictícia mas verdadeira nos sentimentos loucos e nos sonhos maus de Norma Jeane, que acaba dominando e levando o "sex simbol" à morte com apenas 36 anos.

"Blonde" mostra o que Marilyn pode ter vivido. É triste e sombrio.

( O trailer está no meu blog www.eleonorarosset.com.br )