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Risco de default na Rússia causa temor na economia mundial

Risco de default na Rússia causa temor na economia mundial

Este poderá ser o primeiro calote do país desde a Revolução Comunista de 1917. Rússia deve cerca de US$ 100 milhões aos EUA, mas, em compensação, sua moeda valorizou-se mais de 50% só este ano, diante do dólar


Entre a noite deste domingo, dia 26, e o início da segunda-feira (27), termina o prazo para a Rússia pagar uma dívida de cerca de US$ 100 milhões aos Estados Unidos. O montante se refere a pagamentos de maio que, se não forem quitados, representarão o primeiro default (calote) do país em 105 anos.

A Rússia alega que possui o dinheiro para pagar os norte-americanos, pois já teria depositado o equivalente em rublos no seu Depositário de Liquidação Nacional (NSA), pórem o desligamento parcial do Swift - o sistema de pagamentos internacional - impede a transferência. O corte de conexão russo veio na esteira de uma série de retaliações dos EUA e outras nações ocidentais contra a invasão da Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro.

Já o lado norte-americano alega que alguns pagamentos foram feitos em Rublos, a moeda russa, o que não é válido para esse tipo de transferência.

Os efeitos imediatos dessa inadimplência são de que ela possa gerar um efeito dominó nos mercados. Além disso, a pressão para o fim da guerra na Ucrânia também pode aumentar após o calote, de acordo com informações da Bloomberg.

A médio e longo prazos, o cenário ainda é um mistério, mas um calote de pagamento da dívida pode elevar a tensão já existente nas bolsas internacionais e afastar os investidores de ativos de risco, o que prejudicaria de imediato países emergentes como o Brasil.

A Rússia tem cerca de US$ 1 bilhão em pagamentos previstos até o fim do ano. Caso falhe com a obrigação de pagar suas dívidas, credores podem levantar novas ações judiciais que prejudicariam a reputação do Kremlin.

Essa será a primeira vez em 105 anos que o país vai enfrentar um default. A última vez que isso aconteceu foi durante a Revolução Bolchevique de 1917. Os olhos do mercado se voltam agora para o que acontecerá com o mercado a partir desta segunda-feira, dia 27, com a abertura das bolsas na Europa, na China e nos Estados Unidos.

Além desse cenário de risco imediato, a Rússia enfrenta uma situação inusitada em sua economia. Tudo porque, apesar da guerra e da crise da economia mundial, o Rublo atravessa uma fase de valorização de 52,3% diante do dólar este ano - a mais alta desde maio de 2015, segundo informação do canal e site CNBC, dos EUA.

O movimento tem levado o Banco Central Russo a ensaiar medidas para desvalorizar sua moeda, temendo que o fenômeno enfraqueça suas exportações mundiais, já afetadas pelo boicote do Ocidente mas parcialmente fortalecidas por acordos feitos com a China. Por outro lado, o governo local tem usado o fato como propaganda, pois seria uma "prova" de que as sanções norte-americanas e europeias pouco surtiram o efeito desejado.