O empresário Walter Taverna, uma referência história do bairro italiano do Bexiga e responsável pelo tradicional bolo servido no dia do aniversário da cidade de São Paulo (25/1), morreu no último domingo, dia 29, aos 88 anos, em decorrência de uma pneumonia.
Proprietário da cantina Conchetta, uma mais famosas do bairro da Bela Vista, Walter Taverna não restringia seus movimentos à cozinha do restaurante. Ele era um dos organizadores da festa da igreja de Nossa Senhora Achiropita e de toda a agitação de tampas e panelas do molho de tomate e do macarrão, que atraiam visitantes não apenas pela qualidade da comida.
Na Conchetta, Taverna "orquestrava" a Tarantela com as enormes tampas das panelas, enquanto a clientela, contagiada por sua alegria, balançava os guardanapos de pano. Neto de sicilianos, ele nasceu em 1933 numa cocheira nos fundos de uma casa na rua 13 de Maio, conforme contaram seus familiares.
Foram eles também que informaram a imprensa sobre a morte de Walter Taverna em um hospital no bairro do Paraíso, onde ele estava internado desde quinta-feira, dia 26, por conta de uma pneumonia, com um quadro agravado pela Doença de Parkinson. O corpo do empresário foi velado na manhã desta segunda-feira, dia 30, no Teatro Sérgio Cardoso, na Bela Vista, e enterrado à tarde no Cemitério do Araçá, no Pacaembu.
Além de administrar suas cantinas por mais de 30 anos, Walter Taverna também foi um dos fundadores da Sociedade de Defesa das Tradições e Progresso da Bela Vista. Ele sempre teve essa preocupação preservacionista na luta pelo tombamento do Bexiga e contra a especulação imobiliária que ronda o bairro e toda a cidade. A preservação da Vila Itororó - um conjunto com um casarão e várias casinhas de imigrantes da década de 1920 -, foi uma das vitórias do bairro, e pela qual ele também lutou.
Já a história do pitoresco Bolo do Bixiga começou em 1986, quando São Paulo completou 432 anos. A festa foi idealizada por Armando Puglisi, o Armandinho do Bixiga, e, inicialmente, cada morador levava um bolo. Só posteriormente é que virou um "bolo de metro". Em 1995, após a morte de Armandinho, Walter Taverna assumiu a organização da festa, que incluía o bolo com um metro para cada ano da cidade.
O bolo do Bixiga chegou a entrar para o Guiness, o livro dos recordes, por conta de sua extensão e por ser consumido em cerca de 30 segundos. Nos últimos dois aniversários da São Paulo, a festa foi suspensa para evitar aglomerações devido à pandemia de Covid-19. Em 2022, a comemoração foi substituída por doações a famílias carentes da cidade.
