Lygia Fagundes Telles | Imagem: Divulgação
Lygia Fagundes Telles morre aos 98 anos, em SP

Lygia Fagundes Telles morre aos 98 anos, em SP

A escritora Lygia Fagundes Telles morreu neste domingo, dia 3, aos 98 anos, de causas naturais, em sua casa, em São Paulo. Seu velório foi realizado na Academia Paulista de Letras (APL), da qual era membro, e, segundo a família, o corpo seria cremado na manhã desta segunda-feira, dia 4, na capital paulista.



Lygia e Paulo Emílio Salles Gomes (foto Cinemateca Brasileira )

A escritora, que nasceu em São Paulo em 1923, se formou em direito pela Faculdade de Direito do Largo do São Francisco, em 1946, e atuou como procuradora do Instituto de Previdência do Estado de São Paulo, pelo qual se aposentou em 1991. Lygia passou por dois casamentos: o primeiro com Goffredo da Silva Telles Júnior, professor de direito, com quem teve o único filho, Goffredo da Silva Telles Neto (cineasta, morto em 2006); e depois com Paulo Emílio Sales Gomes, cineasta, crítico e fundador da Cinemateca Brasileira e do Festival Internacional de Cinema de Brasília. Ao lado dele, ela teria um importante papel no circuito do cinema nacional, tendo inclusive presidido a Cinemateca.

No decorrer de oito décadas de trabalho, conquistou leitores no Brasil e no exterior, tendo suas obras traduzidas para vários idiomas. Por ocasião do lançamento de "Ciranda de Pedra", seu primeiro romance, de 1954, o sociólogo e professor Antônio Cândido disse que o livro marcava sua maturidade intelectual. O livro também arrancou outros elogios da intelectualidade então vigente, como Paulo Rónai, Otto Maria Carpeaux e José Paulo Paes.


Lygia e Goffredo da Silva Telles, com o filho Goffredo Neto (foto Museu da Imagem e do Som)

A lista de reconhecimentos da escritora é longa e incluía a premiação, em 1970, por "Antes do Baile Verde" - o Grande Prêmio Internacional Feminino para Estrangeiros, na França. Também levou três Jabutis: em 1974, por "As Meninas" (que recebeu ainda o Coelho Neto, da ABL, e o Ficção da APCA); em 1996 por "A Noite Escura e mais Eu" (também ganhador de Melhor Livro de Contos da Biblioteca Nacional, e o APLUB de Literatura); e em 2001 por "Invenção e Memória" (que também levou o APCA e o Golfinho de Ouro).

Membro da Academia Brasileira de Letras, da Academia Paulista de Letras, da Academia de Ciências de Lisboa, ela recebeu em 2005 o Camões, o mais importante prêmio da literatura de língua portuguesa. Doutora honoris causa pela Universidade de Brasília (UnB) em 2001, ela foi a única brasileira a ser indicada (pela União Brasileira de Escritores), a concorrer ao Prêmio Nobel de Literatura, em 2016.