"Anne Frank, Minha Melhor Amiga"- "Anne Frank, My Best Friend", Holanda, 2021 Direção: Ben Sombogaart, Holanda, 2021, Netflix |
''Anne Frank, My Best Friend'', um filme tocante e atual, por Eleonora Rosset

''Anne Frank, My Best Friend'', um filme tocante e atual, por Eleonora Rosset

Anne e Hannah tinham a mesma idade, 13 anos, e moravam em Amsterdã em 1942. A Segunda Guerra avançava na Europa mas ainda não tinha chegado muito perto das meninas. Bem, é verdade que usavam uma estrela amarela no braço porque eram judias. Mas isso não amedrontava tanto aquelas duas.

Elas eram as melhores amigas apesar de temperamentos diferentes. Anne, a mais extrovertida, e Hannah, a mais tímida e inocente. Anne queria ser artista de cinema em Hollywood ou escritora famosa e Hannah, enfermeira como Florence Nightingale.

Anne Frank realizou seu sonho depois de sua morte, com a publicação de seu diário, onde conta como se sentia durante o tempo em que ficou num sótão com os pais, escondida dos nazistas. E como sofreu com o isolamento, ela que era tão divertida e gostava de estar com os amigos.

O filme se baseia nas lembranças de Hannah Goslar e conta sobre sua amizade com Anne, episódios vividos pelas duas. Como por exemplo na cena que abre o filme com um "five o'clock tea", o chá dos ingleses, com as duas sentadas no tapete, bebendo em suas xícaras e uma Anne, frívola e feliz, pede champanhe. Tudo de mentirinha.

Mas logo Hannah tem um choque profundo de realidade. Aquela que jurara nunca a abandonar, partira para a Suiça deixando ela para trás. Mal sabia que a amiga estava escondida, sem poder sair de um estreito sótão.

Hannah, interpretada por Josephine Arendsen, é o centro da história e vai ser levada para o campo de Bergen-Belsen, com o pai e a irmã pequena, Gabi. A mãe grávida morrera dando a luz a um bebê prematuro. Esse luto mal teve tempo de ser chorado porque horrores esperavam a família no campo de concentração.

Para lá foram levados, brutalmente arrancados da casa onde viviam, para ocupar um galpão sujo e gelado, onde dormiam em beliches apertados.

E a cada dia suportavam com fome e frio os maus tratos dos soldados nazistas que tinham o direito de matar e humilhar a todos os prisioneiros como e quando bem quisessem.

O encontro inesperado das duas amigas, nesse lugar terrível, é um momento emocionante e triste, Principalmente para quem conhece a história de Anne Frank. Seria o ultimo encontro, vivido com intensidade e reafirmando que a amizade delas era realmente sólida.

Hannah enfrenta perigos com uma coragem espantosa para levar comida e pequenos presentes significativos para Anne.

O diretor do filme, Ben Sombogaart, conversou várias vezes com Hannah Goslar que vive em Israel com mais de noventa anos. Apesar da pandemia do Covid 19 ter atrapalhado as filmagens, o filme ficou pronto a tempo de ser mostrado para Hannah Goslar e sua família, que adoraram ver a história da amizade das duas meninas, tão importante na vida delas.

E para nós, fica a reflexão sobre esse período triste da história da humanidade, agora que o antissemitismo parece querer fazer um retorno.

Não permitiremos.

( O trailer está no meu blog: www.eleonorarosset.com.br )