Bijou, cinema de arte, reabre em SP após 26 anos

Tradicional cinema do centro de São Paulo e o mais cultuado para filmes de arte entre os anos de 1960 e 80, o Cine Bijou foi reinaugurado no último dia 25 de janeiro, aniversário da capital paulista.


Localizado numa apertada rua lateral à Praça Roosevelt, que já abrigou casas famosas como A Baiuca e a boate Cais, o Bijou ficou fechado por 26 anos. Agora, a sala, com 77 lugares, passou por uma reforma de R$ 500 mil e ganhou o nome da atriz Patrícia Pillar, uma das incentivadoras do projeto de reabertura.

O espaço funcionou de 1962 a 1996 e exibiu produções de cineastas renomados como Stanley Kubrick, Antonioni, Pasolini, Luis Buñuel, Ingmar Bergman, Glauber Rocha, Jean-Luc Godard, François Truffaut, além de filmes do Cinema Marginal e de movimentos alternativos-experimentais, servindo como local de resistência à ditadura militar (1964-1985).


O cinema ficou 34 anos em funcionamento e 26 fechado (Foto: Reprodução/Facebook @ivamcabralfp)

A reforma começou em 2019, quando os produtores culturais Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez, fundadores do coletivo Os Satyros, viram que o local estava disponível, mas corria o risco de se tornar uma igreja ou um bar. Um financiamento coletivo - que recebeu doações de anônimos e também de personalidades, como o autor Walcyr Carrasco e a própria Patricia Pillar - foi feito para levantar os recursos necessários.

Para manter a memória e arquitetura-base preservadas, a sala teve as poltronas vermelhas, com detalhes em costura, restauradas, assim como as paredes e teto, desenhados em gesso. Um pequeno palco será utilizado em eventos como debates, apresentações teatrais e musicais. A reforma total custou em torno de R$ 500 mil, contando o reaparelhemento do espaço.

No hall de entrada, foram instalados um café bar e uma pequena livraria voltada para obras sobre cinema, principalmente nacionais, em parceria com a Editora Giostri. A gestão da sala será feita pela produtora audiovisual Satyros Cinema, braço cinematográfico do coletivo Os Satyros.

Na programação da reabertura, os filmes nacionais foram priorizados, com películas que não costumam ter oportunidade no circuito comercial ou que passaram meteoricamente pelas salas de exibição (veja ao final). O drama biográfico "Zuzu Angel" (2006), protagonizado por Patricia Pillar, é o primeiro longa a ser exibido, logo após o curta-metragem "O Quintal dos Guerrilheiros" (2005), de João Carlos Massarolo.

Patrícia Pillar não esconde a felicidade em seu nome ter sido escolhido para batizar a sala. "Que alegria! Tô muito feliz e honrada com essa novidade. Tô feliz da vida!", disse em vídeo, nas redes sociais.

Cine Bijou, em São Paulo, é reaberto após 26 anos e reforma de R$ 500 mil (Foto: Andre Stefano/Divulgação)
Cine Bijou, em São Paulo, é reaberto após 26 anos e reforma de R$ 500 mil (Foto: Andre Stefano/Divulgação)

A atriz lembra a importância do Cine Bijou na cultura paulistana. "Foi um ícone e referência de resistência artística durante a ditadura militar e muito importante na formação cultural de toda uma geração. Esse cinema é um pitel, uma joinha que será devolvida ao centro de São Paulo", vibra.

As sessões, sempre de quinta a domingo, serão gratuitas ou a preços populares, e há acessibilidade para pessoas obesas ou com mobilidade reduzida. Entre as novidades está a sessão "No Escuro", com exibições em horários alternativos, que instiga o público a comparecer ao cinema sem saber qual filme irá assistir.

Para ter acesso à sala, será necessário o uso de máscaras, passar pela medição de temperatura e apresentar o passaporte de vacinação. O Cine Bijou fica na Praça Roosevelt, 172, na Consolação, região central de São Paulo. Informações pelos telefones (11) 3255-0994/3258-6345 ou no site do grupo Os Satyros.