Ibovespa sobe em janeiro, mas de olho na queda das Big Tech nos EUA

Ibovespa sobe em janeiro, mas de olho na queda das Big Tech nos EUA

Depois de um começo de ano tumultuado, em que o Ibovespa caiu seguidamente nos primeiros dias de pregão, o mercado acionário local encontrou um ponto de equilibro e passou a operar descolado das bolsas de Nova York. Resultado disso é que índice subiu 1,8% semana passada; 3,92% no ano.

A combinação que ajudou a B3 a subir nos últimos dias deveu-se a alguns fenômenos locais, como a correção dos papéis de varejo e shoppings, que caíram no final do ano apesar das vendas de Natal; e a subida dos preços do minério de ferro na China. O petróleo também deu um empurrão, fazendo com que Petrobras - o ativo de maior peso no índice - também subisse nos últimos dias.

A situação das bolsas norte-americanas, no entanto, preocupa. As manchetes dos principais jornais dos EUA falam em prejuízos enormes de acionistas majoritários das Big Techs. Jeff Bezos, da Amazon, perdeu US$ 20 bilhões na semana passada. Mark Zuckeberg, menos: US$ 10 bilhões. Já o chines Chang Peng Zhao, da Binance, quase alcançou Bezos nas perdas: US$ 18 bilhões. E Elon Musk, segundo a Bloomberg, ficou sem 10% de seus ativos, o que em números pode significar algo como US$ 17 bilhões.

Essa reviravolta de números fez de Bernard Arnaut, da LVMH, novamente o homem mais rico do mundo, desbancando o fundador da Amazon do posto de número 1 - o tipo de notícia que o mundo corporativo adora fazer um alarde.

No caso de Wall Street, o recado é bem claro. Os ajustes que o Federal Reserve - o banco central dos EUA - está fazendo para controlar a inflação que vem subindo, estão impactando na tomada de crédito por parte das empresas, notadamente as de tecnologia, que precisam de muita alavancagem para crescer.

"As ações de tecnologia da Nasdaq ainda atravessam uma correção", afirmou Jeremy Grantham, co-fundador e estrategista-chefe da Grantham, Mayo & BVan Otterloo, uma empresa que administra fundos de US$ 65 bilhões em Wall Street. Em entrevista ao New York Post, ele disse que as ações atravessam agora uma espécie de "super bolha", que não acabará bem.

Para Jeremy Grantham, mesmo com as quedas verificadas até o momento, equivalentes a 8%, o mercado ainda está cerca de 10% superavaliado, o que dá uma ideia de quanto ainda pode cair este ano.

Outra previsão, desta vez do Bank of America, também indica uma correção, ou um "tropeço", segundo divulgou o site Money Times. Nada indicando se tratar de algo mais grave. A analise do BofA foi feita em relação ao índice S&P 500, que caiu apenas 4% nas primeiras semanas do ano, portanto bem menos do que a Nasdaq.

De qualquer forma, o mercado entra hoje em uma semana decisiva para alargar os horizontes dessas análises. O Ibovespa continuará se beneficiando de preços convidativos dos papéis - caso das ações de varejo que subiram - e também da conjuntura externa das commodities? Ainda assim, o peso de Wall Street deverá influenciar o mercado local, devido ao alcance das Big Tech no mundo e também no Brasil.