Bombardeiro B-52 escoltado por caças sobrevoa o grupo de ataque do porta-aviões USS Gerald Ford, ao centro - Marinha dos EUA - 13.nov.2025 |
EUA exibem porta-aviões e bombardeiro contra Maduro; veja fotos

EUA exibem porta-aviões e bombardeiro contra Maduro; veja fotos

  • Marinha divulga imagens de poderoso B-52 sobrevoando o grupo de ataque do porta-aviões USS Gerald Ford
  • Maior navio de guerra do mundo está na região do Caribe, em ponto não divulgado, em missão declarada contra traficantes

Igor Gielow

A pressão militar americana contra a Venezuela ganhou um novo capítulo nesta sexta-feira (14), com a divulgação de imagens de uma exibição de força do Comando Sul das Forças Armadas dos Estados Unidos.


A Marinha dos EUA divulgou fotos da chegada do grupo de ataque centrado no maior navio de guerra já construído, o porta-aviões de propulsão nuclear USS Gerald Ford, à região do Southcom, abreviação em inglês do comando militar.

Para recebê-lo, um bombardeiro estratégico pesado B-52 fez um sobrevoo, escoltado por oito caças navais F/A-18, um recado nada sutil para a ditadura de Nicolás Maduro. O local exato da exibição, ocorrida na quinta (13), não foi divulgado pelos americanos -a jurisdição do Southcom vai até metade do Atlântico Sul, na direção da África.


Nas imagens, o Gerald Ford aparece com três destróieres de sua escola, o USS Bainbridge, o USS Mahan e o USS Winston Churchill. Sites de monitoramento indicam que os outros dois destróieres que deixaram o porto com o porta-aviões em junho ficaram para trás, operando no Mediterrâneo.

Teoricamente, o porta-aviões ainda tem um cruzador da classe Ticoderonga, um navio de apoio e um submarino de ataque nuclear em seu grupo, mas não se sabe a composição da flotilha enviada à região do Caribe.


Lá já operam, segundo os dados mais recentes disponíveis, os destróieres USS Stockdale e USS Gravely, além do cruzador USS Lake Erie e uma força expedicionária composta por três navios de desembarque anfíbio com fuzileiros navais, o USS Iwo Jima, o USS Fort Lauderdale e o USS San Antonio.

Além de forças navais, os EUA têm feito missões com bombardeiros B-52 e B-1B no Caribe, além de terem enviado caças avançados F-35 e ao menos um "tanque voador" AC-130J Ghostrider para a região, onde já há aviões de patrulha e drones de vigilância e ataque em ação.


Alguns dos elementos mobilizados por Donald Trump na escalada na região, a maior desde que os EUA invadiram o Haiti para acabar com um golpe e restaurar o governo eleito em 1994, já deixaram a região. É o caso do destróier USS Jason Dunham, o navio de combate litorâneo USS Wichita e o submarino de ataque USS Newport News.

A chegada da USS Gerald Ford é a culminação desse processo. Na quinta, o secretário de Defesa, Pete Hegseth, anunciou que com o navio foi criada a operação Lança do Sul, visando nominalmente atacar os cartéis de traficantes que levam drogas para os EUA.

Esse combate, lastreado na mudança legal determinada por Trump equivalendo os traficantes a terroristas, logo expondo-os a ataques sem declaração de guerra, já deixou quase 80 mortos em ataques a pequenos barcos supostamente com drogas.



Mas o centro da pressão de Trump é Caracas. Desde 2020, Maduro é procurado nos EUA como chefe de uma rede de narcotráfico, algo que mesmo críticos de sua ditadura consideram questionável em termos de provas.


No seu primeiro mandato, de 2017 a 2021, o republicano tentou derrubar o ditador em algumas ocasiões, apenas reforçando seu regime, que usa a retórica da ameaça externa para se fortalecer. Agora, sua posição parece mais fragilizada, em especial porque o apoio regional é tíbio.

O Brasil, por exemplo, rompeu com Caracas ao não reconhecer a fraudulenta reeleição de Maduro no ano passado, e agora o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está de mãos amarradas, criticando a ingerência americana sem muita ênfase pois está no meio de duras negociações comerciais com Trump.


De seu lado, o ditador tem feito mobilização de seus recursos militares, que são consideráveis no escopo da região e podem infligir algum dano às forças dos EUA, mas insuficientes para enfrentar ataques mais incisivos.

Além de questionamentos legais acerca dos ataques no Caribe e no Pacífico perto da Colômbia, críticos de Trump sugerem que a mobilização seja apenas um diversionismo ante os números ruins da popularidade do presidente, acossado por problemas econômicos e por denúncia de ligação com a rede de tráfico sexual do falecido Jeffrey Epstein.