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Suspensão de voos da ITA prejudica mais de 100 mil passageiros

Suspensão de voos da ITA prejudica mais de 100 mil passageiros

"Fomos pegos de surpresa com a parada da ITA. Não esperávamos que a companhia fosse parar. Estávamos acompanhando as operações...", foi a recente declaração do presidente da Agência Nacional de Aviação (ANAC), Juliano Nomam, ao Estadão. Ele rebateu críticas sobre falhas do órgão na fiscalização do setor aéreo e disse que não era possível prever a interrupção dos voos da empresa porque, do lado operacional, tudo corria normalmente.



Passageiros se revoltaram após Itapemirim cancelar voos por tempo indeterminado
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Milhares de clientes que já tinham passagens compradas da companhia aérea do grupo Itapemirim também foram pegas de surpresa, e da pior maneira possível: quando se dirigiam para os seus aeroportos no sábado passado, dia 18, e se depararam com o cancelamento dos voos. O anúncio repentino foi feito pela direção da empresa na noite de sexta-feira, 17/12, deixando inicialmente cerca de 45 mil passageiros sem voos às vésperas dos feriados de fim de ano.

No mesmo sábado, houve protestos no aeroporto internacional de Guarulhos e muito bate-boca entre passageiros que se sentiram lesados, funcionários da ANAC e de operadoras de turismo que tinham voos contratados, já que da ITA ninguém se apresentou para dar explicações.


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A única e débil explicação veio por intermédio de nota no site da empresa, avisando que a paralisação "tem caráter temporário "para uma reestruturação interna". A companhia orientou os clientes com passagens compradas para os próximos dias a não irem aos aeroportos antes de entrar em contato por um e-mail.

A ITA entrou em operação no final de junho e operava nos aeroportos de São Paulo-Guarulhos (SP), Brasília (DF), Belo Horizonte-Confins (MG), Rio de Janeiro-Galeão (RJ), Porto Alegre (RS), Porto Seguro (BA), Salvador (BA), Curitiba (PR), Fortaleza (CE), Florianópolis (SC), Maceió (AL), Natal (RN) e Recife (PE).


Mesmo com as operações suspensas, a ITA tem obrigação de reacomodar os passageiros em voos de outras companhias. Segundo informou a ANAC em nota, a empresa deve prestar atendimento integral a todos os passageiros e comunicar cada um individualmente sobre cancelamento de voos e reacomodações ou garantir o reembolso das passagens aéreas.

Segundo o jornal Valor, o Procon-SP considerou a resposta da ITA insatisfatória e decidiu aplicar multa à companhia. A equipe de fiscalização também analisa providências no âmbito criminal. O valor da multa não foi divulgado, mas, segundo Fernando Capez, diretor-executivo do Procon-SP, será proporcional ao faturamento da empresa. A previsão é de que esse valor possa alcançar até R$ 11 milhões.

As previsões da própria ITA, fornecidas ao Procon-SP, dão conta de que mais de 133 mil passageiros - considerando viagens de ida e volta no período de 17 de dezembro a 17 de fevereiro - foram afetados pelo problema. A companhia também respondeu ao Procon que a projeção para a retomada das atividades é 17 de fevereiro de 2022.

Em seu primeiro comunicado à imprensa, a ITA tinha informado apenas que mais de 45 mil passageiros tinham sido afetados por terem voos marcados até 31 de dezembro. Como se vê agora, o buraco é bem mais embaixo, e os problemas de milhares de passageiros, operadoras de turismo, administrações dos aeroportos e funcionários da empresa aérea parecem estar apenas começando.