Imagem: Facebook @museujudaicosp
Museu Judaico de São Paulo será inaugurado domingo

Museu Judaico de São Paulo será inaugurado domingo

O Museu Judaico de São Paulo (MUJ), a ser inaugurado neste domingo na região central da capital paulista, trará várias exposições, temas e fará a seguinte pergunta a seus visitantes: "O que é ser judeu?". A resposta estará ao redor, com depoimento de judeus brasileiros de diferentes origens, vivências, idades, classes sociais, cores e identidades de gênero. A ideia é mostrar a pluralidade da comunidade a todos, especialmente aos que pouco a conhecem. "O que queremos mostrar é que a cultura judaica, como outras, é plural dentro de si mesma", explica o diretor-geral do museu, Felipe Arruda. Essa é uma das características do novo espaço, idealizado há 20 anos. O MUJ fica anexo à sinagoga Bet-El, na Rua Avanhandava.

A abertura contará com quatro exposições. Entre elas, um acervo histórico de relíquias doadas por famílias e instituições judaicas ao longo de décadas. Como o Diário de Lore, escrito por uma menina de 13 anos durante o regime nazista, cujas 28 páginas foram escritas em francês e alemão pela garota que morava na Bélgica ocupada por Hitler, entre 1941 a 1942. Outra atração serão as obras de arte contemporânea relacionadas ao tema "palavra", incluindo as de autoria de Arthur Bispo do Rosário e Arnaldo Antunes.

O museu está instalado na antiga sinagoga Beth-El, inaugurada em 1928 e restaurada com as características originais. O prédio ganhou um anexo de arquitetura contemporânea, envidraçado e com vista para a Avenida 9 de Julho. Embora seja a sede de um antigo templo religioso, o MUJ não receberá cultos e manterá uma programação sociocultural diversa.

"É um museu que apresenta a cultura judaica, seus rituais, festas, valores, crenças", descreve Arruda em entrevistas publicadas pelo jornal Estadão e pelo site UOL. "Me convidaram justamente querendo que o museu atinja para além da comunidade judaica", justifica ele, que não é judeu. A proposta é cruzar a história desse povo com a colonização brasileira. As exposições temporárias são A Vida Judaica, sobre costumes e ritos; e Judeus no Brasil: Histórias Trançadas, que aborda os diferentes períodos migratórios para pontos distintos do País, desde a colonização. "Têm capítulos que o público em geral não conhece tanto, como a presença de judeus na Amazônia", destaca Arruda. "E mostra a resistência dos judeus para manter as suas crenças e costumes".

O acervo é composto por doações reunidas a partir dos anos 1970 (então por professores ligados à USP), e cujos números (1 milhão de páginas de documentos e 100 mil fotos, por exemplo) continuam crescendo mês a mês. Entre as peças, há o relógio escondido na sola do sapato durante o nazismo por um sobrevivente de campo de concentração radicado no Brasil. "As histórias por trás desses objetos são valiosas, também do ponto de vista afetivo", diz o diretor do MUJ.

O museu inclui ainda uma cafeteria, uma loja e uma biblioteca com temática judaica. O ingresso tem o valor sugerido de R$ 20, mas a bilheteria digital fornece desde entradas gratuitas até no valor de R$ 80. Há também a possibilidade de agendamento de visitas guiadas, incluindo escolas.