Todas as capitais brasileiras, muitas cidades do interior e até localidades no exterior eclodiram na tarde deste sábado em manifestações com o grito uníssono "Fora Bolsonaro". Articuladas por vários partidos de oposição como PT, PSOL, PCdoB, PDT, PSB, Rede, PV, Cidadania e Solidariedade, os protestos conseguiram trazer alguns setores mais à direita para as ruas, como o movimento Direitos Já e o núcleo católico do PSDB, entre outros, que se juntaram a centrais sindicais como CUT, Força Sindical, UGT e CTB em São Paulo e em outras capitais.
Somente na avenida Paulista, onde se esperava a maior concentração do público, 10 quarteirões foram ocupados pelos manifestantes com bandeiras vermelhas dos partidos ao lado de bandeiras verde e amarelo. Na pauta de reivindicações estavam desde o impeachment do presidente Jair Bolsonaro até palavras de ordem pelo combate à pandemia, à pobreza, ao aumento da inflação e ao desemprego, que hoje alcança cerca de 14 milhões de brasileiros.
Políticos e candidatos às eleições do próximo ano estiveram na Paulista, procurando dar um clima suprapartidário ao encontro. "A ameaça golpista é maior do que as nossas diferenças políticas", disse Guilherme Boulos, do PSOL-SP. Já Fernando Haddad, do PT-SP, defendeu a união em nome de uma "causa maior" na luta por justiça e democracia. O ex-prefeito de São Paulo disse, no seu discurso, que "essa desgraça de governo tem que acabar antes da eleição, porque o povo não aguenta mais", conforme relatou o jornal Folha de S. Paulo., numa clara referência do ex-ministro da educação a um processo de impeachment.
Ciro Gomes, do PDT-CE, esteve na Paulista, discursou e foi alvo de uma tentativa de agressão por parte de militantes quando saia do local, o que foi classificado de "incidente lamentável" pela presidente nacional do PT, a deputada federal (PT-PR), Gleisi Hoffmann. "Isso nunca foi a orientação do PT", condenou ela em entrevista ao site UOL.
Para dar força à tentativa ainda tênue de reunir várias agremiações políticas numa espécie de "frente ampla" contra o bolsonarismo, o ex-senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), participou do protesto gravando um vídeo. "O fundamental agora é derrotar Bolsonaro. Este é um ato de resistência a Bolsonaro e à corrosão que ele vem promovendo nos valores e instituições mais fundamentais da democracia brasileira. A extrema direita é realmente o extremismo que nos ameaça", disse ele, reafirmando que "temos muitas diferenças, mas fizemos muita coisa boa juntos, os partidos aqui representados", concluiu Aloysio Nunes.
