Michael Bloomberg | Imagem: Reprodução Youtube
Michael Bloomberg espera que ESG 'não seja uma moda passageira'

Michael Bloomberg espera que ESG 'não seja uma moda passageira'

Um dos nomes mais esperados da 11° edição do festival internacional de investimentos Expert XP, o ex-prefeito de Nova York e fundador da empresa de comunicação que leva o seu sobrenome, Michael Bloomberg, falou nesta terça-feira, dia 24, para uma plateia conectada via internet.

Seu painel tratou de: "Os desafios do mercado, das cidades e do clima", todos os três temas caros ao experiente empresário que já administrou NYC, disputou a vaga do Partido Democrata para as eleições presidenciais americanas e, desde fevereiro deste ano, ocupa novamente o posto de enviado especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para a área de Ambições e Soluções Climáticas.



Michael Bloomberg e o apresentador Alberto Bernal - Reprodução Youtube

Questionado pelo apresentador do painel Alberto Bernal, estrategista global da XP, sobre a tendência de intensificação do movimento ESG (environment, social, governance), que mira as práticas ambientais, sociais e de governança nas empresas de todo o mundo, Bloomberg afirmou: "espero que não seja uma moda passageira; precisamos de ações substantivas que realmente mudem as coisas, e isso só acontecerá se você fizer algo que inclua todo mundo".

Iniciando seu speech pela questão ambiental, o aquecimento global foi um dos temas abordados pelo empresário e político. Ele destacou que os efeitos do aumento da temperatura no planeta começam a aparecer na forma de ocorrências climáticas como as recentes enchentes na Alemanha, os incêndios na Grécia e na Califórnia, e a falta de água em muitos países, como o Brasil.

"As coisa estão piores hoje do que jamais estiveram antes. Não há dúvida sobre isso, a ciência está aí", ressaltou. Na visão de Bloomberg, a recomendação de que seria preciso fazer algo para mudar o cenário até 2050 está desatualizada, já que muito do que se esperava para o futuro parece estar acontecendo hoje. "Ninguém em cargo político estará nele em 2050. De fato, três quartos ou mais das pessoas vivas hoje não estarão vivas em 2050", disse.

"Quando as companhias prometem fazer algo até 2050, ou quando um governo promete, que vergonha. Não deveríamos permitir que eles escapem impunes, isso é ridículo", criticou Michael Bloomberg.

O empresário norte-americano prosseguiu a conversa e deu sugestões sobre o que as empresas podem fazer a partir de agora para reverter esse quadro ambiental, relatando suas próprias experiências profissionais e políticas anteriores e atuais.

Dono de uma fortuna estimada em mais de US$ 60 bilhões, Bloomberg contou para a plateia virtual que decidiu se envolver com a política por ouvir das pessoas que não há solução para os problemas da sociedade, como a criminalidade, os baixos níveis educacionais e a vulnerabilidade social, entre outros temas. "Isso não é verdade; acho que você pode resolver algumas dessas coisas. Há soluções para todos esses problemas, e geralmente a razão pela qual elas não são implementadas é a política", analisou.


Prefeito de Nova York por 12 anos, Bloomberg disse que costuma ouvir das pessoas que fez muito pela cidade em seu terceiro mandato, o que ele refuta. "A maioria das coisas que entregamos no terceiro mandato foram iniciadas no primeiro ou no segundo", enfatizou.

Para finalizar sua apresentação, Michael Bloomberg deu um conselho aos políticos brasileiros, e sugeriu: "Digam a verdade. Melhor cair nas chamas por ter feito a coisa certa do que manter seu trabalho e ser um hipócrita. Ele lembrou que, um ano após ter sido eleito pela primeira vez para a prefeitura, implementou um significativo aumento de impostos.

"Estávamos perdendo policiais, bombeiros, professores, enfermeiros, porque não podíamos pagá-los. Se vocês querem ter as ruas limpas e seguras, ser saudáveis, ter crianças com educação, o dinheiro tem que vir de algum lugar". Depois de tomar a medida, impopular num primeiro momento, Michael Bloomberg acabou sendo reeleito por mais duas gestões.