A oferta pública inicial (IPO) da plataforma de pagamentos Pic Pay vai ficar para 2022 ou 2023, informou a coluna Broadcast, do Estadão. A razão é que, desde março, o controle dessa plataforma foi transferido do Banco Original para a holding J&F, dos irmãos Batista.
Por questões de governança, os investidores norte-americanos pedem desconto maior para se associar à empreitada. Por esse motivo é que nenhum banco dos EUA teria se associado ao lançamento do IPO previsto para acontecer na Nasdaq.
Expostos a regras rígidas de combate à corrupção, os bancos não podem se ligar a uma empresa cujos controladores têm voz ativa na gestão e reconhecem ter praticado atos ilícitos em delações premiadas (no caso, a operação Lava-Jato). O argumento da empresa brasileira é que a reestruturação aumentou a governança, com simplificação da estrutura societária.
Com a adoção cada vez maior à agenda ESG (de melhores práticas ambientais, sociais e de governança), as instituições, financeiras ou não, estão apertando o cintos para cumprir políticas de compliance (conformidade). Sem os bancos norte-americanos, permanecem na preparação do IPO do Pic Pay - agora sem data definida -, os bancos BTG Pactual, Bradesco BBI, Santander e o inglês Barclays.
Inicialmente marcado para meados de maio, o IPO do Pick Pay já tinha sido postergado para junho, pois seus organizadores achavam que não era o momento certo devido a dados de risco global e da inflação nos EUA.
Em uma live sobre bancos digitais realizada no CIAB 2021, o encontro anual dos bancos para discutir novas tecnologias, a jornalista mediadora perguntou a um dos participantes da mesa, Raul Moreira, do Conselho Administrativo do Banco Original e do PicPay, sobre o andamento do IPO da plataforma. O executivo respondeu sobre outros temas e passou a questão da oferta pública. O fato ocorreu há duas semanas, e o silêncio do conselheiro já deu mostras de que o negócio não sairia mesmo tão cedo.