Aeronave da empresa brasileira Azul. | Imagem: Foto: Fabio Motta/Estadão
Azul não queria fim da parceria com a Latam e tentou comprar operação brasileira da concorrente

Azul não queria fim da parceria com a Latam e tentou comprar operação brasileira da concorrente

Azul afirmou que o encerramento do acordo de 'codeshare' é 'uma reação (da Latam) ao processo de consolidação' do mercado; já a Latam anunciou o fim da parceria alegando que não cumpriu com as expectativas


Luciana Dyniewicz, O Estado de S.Paulo

A parceria de compartilhamento de voos entre a Latam e a Azul chegou ao fim em meio a uma nova crise entre as duas companhias aéreas. No ano passado, quando o setor atravessava o período mais difícil da pandemia, elas firmaram um acordo para compartilhar voos, em uma tentativa de ambas alavancarem receitas. Nesta segunda-feira, 24, a Latam anunciou o fim da parceria alegando que ela não cumpriu com as expectativas. Já a Azul afirmou que o encerramento do acordo de 'codeshare' é uma "uma reação (da Latam) ao processo de consolidação" (do mercado).

Segundo apurou o Estadão, a Azul não queria o fim da parceria e vinha tentando ampliá-la. A companhia havia iniciado conversas para tentar comprar a operação da concorrente no Brasil, de acordo com fontes do mercado. Em nota, a Azul afirmou que "acredita que um movimento de consolidação é uma tendência do setor no pós-pandemia" e que "está em uma posição forte para conduzir um processo nesse sentido". A empresa informou ainda ter contratado consultores para avaliar as "oportunidades de consolidação da indústria".

No ano passado, quando as duas empresas se uniram - e com a Latam em recuperação judicial -, já circulava no mercado a informação de que a Azul queria ficar com uma parte de sua concorrente. Agora, porém, o clima entre elas se deteriorou.

Com a pandemia, a Azul, que era a terceira maior aérea do País, avançou no mercado e se tornou a maior empresa doméstica, com 37,5% de participação no acumulado do ano. A Latam perdeu a segunda colocação e agora ocupa a terceira, com 27%. A Gol detém 29,9%.

Uma eventual compra da Latam Brasil pela Azul poderia enfrentar resistência no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), pois a empresa resultante concentraria 60% do mercado.

Essa não é a primeira vez que as duas empresas entram em crise. Em 2019, elas travaram uma disputa na Justiça, que envolveu também a Gol, para ficar com os horários de pouso e decolagem (slots) da Avianca Brasil no aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Durante o processo de recuperação judicial da Avianca, os presidentes das companhias chegaram a trocar farpas publicamente.

O Estado de S.Paulo
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