'Frankenstein', uma bela adaptação de Guillermo del Toro, por Eleonora Rosset

Mary Wollstonecraft Shelley, nascida Mary Wollstonecraft Godwin, foi uma famosa escritora inglesa, criadora do Doutor Frankenstein e sua Criatura.

A mãe de Mary, feminista, morreu dias depois de ter dado luz à sua filha, que foi criada então pelo pai, Willian Godwin, filósofo famoso por seus ataques à aristocracia e seus privilégios. Politicamente, ele apoiava a anarquia e confirmou seu sucesso quando se colocou a favor da Revolução francesa.

Mary foi influenciada por esse ambiente em que cresceu, o espírito da época, o Romantismo. A medicina adotava já o método científico mas a alquimia e a astrologia ainda mantinham adeptos.



Mary tinha 18 anos quando começou a escrever o seu livro "Frankenstein", depois de uma viagem ao lago Genève, com seu amante e futuro marido Percy Shelley e Lord Byron. Fazia um tempo frio apesar de ser verão. E um deles propõe um concurso. Quem escreveria o melhor conto de terror? Mary tivera um sonho em que o médico ressuscitava seu personagem, a Criatura. Mas ela não conseguiu escrever nada. Bloqueio.

Voltando à casa, Mary lutava com sua duplicidade. A ideia do médico e sua Criatura exerciam um fascínio sobre ela mas o conto só saiu meses depois. As conversas entre Byron e Shelley sobre vida e morte, a perda da mãe que ela não conheceu, as filhas mortas que tinha tido com Shelley, esse personagem que voltava dos mortos costurado, tudo isso colaborou para ela escrever mais do que um conto, uma novela de sucesso.

Ganhador do Oscar por seu filme "A Forma da Água", o diretor mexicano Guillermo del Toro se inspira no "Frankenstein" de Mary Shelley e entrega ao público um filme de uma grande beleza gótica, com passagens muito diferentes do livro. Sua Criatura não é a mesma de Mary Shelley.

Vestida em trapos, vaga pela neve que cobre tudo, a Criatura (Jacob Elordi) perdida que quer ser amada. Assombra a todos que fogem amedrontados.

Menos ela. E há uma sintonia entre eles. Ele necessita de alguém que o faça crescer. Um igual a ele que o acolha e o ensine a ser humano. O criador (Oscar Isaac) quer destruí-lo.

A personagem feminina Elizabeth (Mia Goth) é a única que poderia ajudá-lo.

Ele ainda não tem maldade. Nasceu há pouco. Precisa aprender a falar. Há esperança?