Por: Tales Faria
A ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), surpreendeu até mesmo colegas de partido ao participar nesta quarta-feira (22) do ato de lançamento em Brasília do plano "O Brasil precisa pensar o Brasil", com orientações para a sigla no ano eleitoral de 2026.
Surpreendeu, porque o documento foi pensado - embora os caciques não admitam - pela ala do partido simpática à candidatura presidencial do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Também surpreendeu porque circulam especulações de que a ministra poderia concorrer ao Senado com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Impassível, Simone foi e discursou corajosamente. Fez, na prática, um relato sobre o bom desempenho do governo em meio a uma plateia de emedebistas nada simpática ao PT.
O comentário que se ouvia após sua apresentação poderia ser resumido na seguinte frase: "Se ela quisesse ser mesmo candidata pelo MDB, o discurso não poderia ser este."
É verdade. Principalmente porque Simone não quer ser candidata ao Senado pelo MDB de São Paulo.
Ela está bem posicionada nas pesquisas em seu estado, o Mato Grosso do Sul. Mas não o suficiente para garantir a vitória na eleição para o Senado. O problema que os analistas enxergam maiores chances de Simone se eleger com o apoio de Lula, não por seu estado, mas por São Paulo.
Se mudar de estado já é uma jogada arriscada, mudar ficando no MDB seria mais arriscado ainda. O prefeito Ricardo Nunes (MDB) já declarou publicamente que não acha uma boa ideia:
"A Simone é de Mato Grosso [do Sul]. Eu, particularmente, com todo o carinho que eu tenho por ela, não vejo a menor condição de ser candidata ao Senado aqui no estado de São Paulo, porque ela nem é daqui. Já foi senadora por Mato Grosso [do Sul], uma grande senadora. [Por lá,] poderia ser."
A ministra sabe dos impedimentos, mas não é do seu estilo ficar parada. No Senado, candidatou-se a presidente da Casa contra o então presidente, Renan Calheiros, um poderoso cacique de seu partido. Foi uma luta dura e ela perdeu. Mas apoiou Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), então um jovem senador de primeiro mandato que saiu vitorioso.
Não dá para concorrer pelo MDB de São Paulo? E por onde então?
Simone já conversou com o vice-presidente Geraldo Alckmin sobre a possibilidade de ser aceita no PSB. Alckmin lhe disse não ser contra. Simone é bem-vinda no partido. Só terá um problema o ex-governador Márcio França, cuja candidatura também tem sido especulada.
França tem mais história no partido. Caso se oponha, criaria dificuldades. Mas, como costuma dizer Alckmin, não há nada na política que uma boa conversa não resolva.
Por trás de Alckimin, França e da própria Simone, há o presidente Lula, que está interessado em ter um palanque bastante forte em São Paulo. E Lula trabalha não só com estes três nomes, como também coma opção das candidaturas petistas do ministro Fazenda, Fernando Haddad , e da ex-prefeita da capital Marta Suplicy.
Correio da Manhã
https://www.correiodamanha.com.br/colunistas/tales-faria/2025/10/228663-pelo-mdb-de-sp-simone-tebet-nao-sera-candidata-mas-pode-ser-pelo-psb.html