Por Lauro Jardim
Tarcísio de Freitas está desde sábado tentando recalibrar seu discurso em relação ao tarifaço de Trump. Busca um "esqueçam o que escrevi" em relação aos posts publicados na quinta e sexta-feira passadas.
Resume um aliado sobre seu erro de cálculo inicial:
- Ele andou duas casas para trás.
Tarcísio apanhou de todos os lados. Dos bolsonaristas, que não ficaram satisfeitos com a falta de destaque dada por ele na defesa da anistia a Jair Bolsonaro. Apanhou do governo, em postagens feitas nas redes sob inspiração do Palácio do Planalto.
Tomou bordoadas da imprensa em editoriais nos grandes jornais. Ficou mal com os empresários ao mostrar subserviência aos interesses de Bolsonaro, esquecendo-se dos prejuízos que a supertarifa trumpista trará para os seus negócios.
E, finalmente, perdeu prestígio com o STF, quando propôs a Gilmar Mendes e Luis Roberto Barroso que o Supremo devolvesse o passaporte retido de Jair Bolsonaro para que o ex-presidente pudesse ir aos EUA negociar as tarifas diretamente com Trump. Uma ideia maluca sob qualquer ponto de vista.
Considerando que ainda faltam 22 dias para o tarifaço entrar em vigor, algo que pode nunca acontecer, aliás, Tarcísio foi até aqui o mais atingido pelo canhão de Trump. O saldo mais grave para ele foi ter demonstrado que não conseguiu controlar as pressões de Bolsonaro.
Tarcísio cresce quando se mostra que poderia ser um político com alguma independência do Centrão, de Bolsonaro e, claro, de oposição firme a Lula. Neste episódio, passou a percepção de que está mais próximo de Bolsonaro do que o desejável para aquele eleitor que é antiLula, mas que rejeita o ex-presidente.
Pergunta um empresário decepcionado com o que viu:
- Se ele for presidente vai se sujeitar ao Bolsonaro desse jeito?
Aliados do governador tem um discurso consensual sobre o que ele deve fazer a partir de agora.
Primeiro, mudar a direção do discurso, o que ele começou a fazer desde sábado.
Depois, "esperar o tempo passar", de acordo com um desses aliados:
- Foi um episódio horrível, mas eleições ainda estão muito longe.
Só resta fingir que não disse o que disse, que não fez o que fez, e... tentar esperar o tempo passar.
O Globo
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