Carolina Nogueira
O presidente Lula (PT) afirmou que será candidato à reeleição em 2026, se continuar bem de saúde, durante um jantar com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e com os líderes da Casa para estreitar a relação.
O que aconteceu
Cálculo da aproximação envolve a reeleição. Lideranças ouvidas pelo UOL relataram que Lula afirmou estar bem de saúde e que, se permanecer dessa forma, será candidato à reeleição. Na avaliação de outras lideranças, Lula está fazendo a lição de casa para aprovar os projetos que o governo precisa e conseguir apoios na eleição do ano que vem.
Jantar aconteceu na residência oficial da Câmara dos Deputados. O gesto de Lula repete o afago do chefe do Executivo aos senadores. No começo do mês, o petista jantou com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e os líderes dessa Casa.
Boa relação com o Legislativo melhora a produtividade. Na avaliação dos líderes, foi um encontro agradável em que todos estavam "desarmados", ouviram e fizeram ponderações sem enfrentamento. O movimento pode ter iniciado um relacionamento que era cobrado havia dois anos pelos parlamentares.
Anistia não foi assunto principal do jantar. Lideranças afirmaram que Lula classificou o momento como "impróprio" e defendeu pautas do governo, como a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000 mensais.
PL pressiona pela votação do projeto que concede anistia aos presos por tentativa de golpe de Estado. O partido do ex-presidente Jair Bolsonaro apresentou a urgência para acelerar a tramitação da proposta. O pedido recebeu 262 assinaturas individuais de deputados.
Anistia não terá preferência. Motta afirmou que a isenção do IR é prioridade e que "não vai permitir" que a anistia prejudique a votação da proposta. Lula aposta no projeto para melhorar sua popularidade em 2026.
PL cobra posicionamento de Motta sobre anistia. O líder da sigla na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), cobrou o presidente do PP, Ciro Nogueira, um posicionamento do deputado paraibano sobre o tema. Interlocutores afirmaram que Sóstenes reclamou que presidente da Câmara "não fala nada" sobre a proposta e também não estabelece um prazo para analisar o projeto. Ciro, que é padrinho político de Motta, teria respondido que ele vai falar.
Após a saída de Lula, Motta perguntou às lideranças se elas gostariam de tratar da anistia na reunião de líderes de hoje. Todos concordaram, e o presidente sinalizou que ouvirá os parlamentares, mas a decisão final é dele.
Congresso reivindicava maior envolvimento de Lula na articulação política. Aliados do ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) afirmaram que o pragmatismo político é bom, mas "carinho, uma atenção, ajudam muito". Parlamentares lembram os primeiros governos do petista e os "churrasquinhos" na Granja do Torto.
Jantar com Hugo e líderes lembrou os primeiros anos de governo Lula. Líderes disseram que o petista soltou vários elogios a Motta e alguns convidados. Houve, inclusive, promessas de mais encontros na Granja do Torto.
Lula tem empenhado esforços em estabelecer uma boa relação com o Congresso. Com as mudanças nos comandos do Senado e da Câmara, o petista passou a manter diálogo frequente com Alcolumbre e Motta, o que inclui almoços e jantares. Em março, o chefe do Executivo convidou os dois presidentes e lideranças para integrar a comitiva que viajou para o Japão e Vietnã. Interlocutores dos parlamentares afirmaram que as longas horas no avião foram embaladas por cantorias, piadas e risadas.
Segurança foi motivo de encontro anterior. Mais cedo, Lula ouviu acenos positivos de Motta e Alcolumbre na tramitação da PEC da Segurança Pública. O texto, aguardado desde o ano passado, foi debatido entre governadores e com as lideranças do Congresso. Motta disse que quer encaminhar à principal comissão da Câmara, a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), na próxima semana. Já Alcolumbre elogiou o governo "pela coragem".
Convite ao funeral do papa. Uma nova viagem vai acontecer hoje à noite. O petista convidou Motta, Alcolumbre e Luís Roberto Barroso, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), para acompanhá-lo à cerimônia de despedida do papa Francisco no Vaticano, a acontecer no sábado.
Uol
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