Grife atravessa um hiato e a mudança será responsabilidade de Mathieu Blazy, que estreia em outubro como diretor criativo
ALICE FERRAZ
Desde a saída de Virginie Viard - diretora criativa pupila de Karl Lagerfeld e sua sucessora -, em junho, as coleções apresentadas por uma das maisons mais importantes do mundo, a Chanel, vêm sendo criadas por um estúdio de design formado por um time de estilistas da própria marca. A imagem que surge nas passarelas tem se baseado fortemente na história, nos valores e nos ícones da maison. A cada estação, a construção coerente com a forte identidade da grife evita a sensação de déjà-vu e reafirma sua tradição sem abrir mão da contemporaneidade. Para a nova temporada de alta-costura, essa narrativa ganhou novas nuances. Na altacostura, o foco foi a expertise artesanal e técnica dos ateliês da casa, acompanhada pelo frescor das cores que habitam o universo Chanel.
"Com seu uso marcante do preto, a couturière (Gabrielle Chanel) provocou uma grande revolução estética. No entanto, também era uma excelente colorista. Trabalhou com todas as cores do espectro, dos pretos aos brancos, dos tons pastel mais suaves aos mais vibrantes", define a marca. A cartela cromática, aliás, é fundamental para entender a coleção, que também se inspira em uma das frases icônicas de Chanel: "O conforto tem formas. O amor tem cores".
ÍCONE. Na passarela, montada em formato de duplo C - uma referência ao monograma da maison - dentro do icônico Grand Palais, símbolo parisiense que completa 150 anos em 2025 e foi palco de alguns dos desfiles mais emblemáticos da marca, a coleção apresentou silhuetas e propostas em perfeita harmonia com as cores escolhidas. A alfaiataria em tweed, um ícone indiscutível da Chanel, cruzou a passarela em variadas versões. Os tons pastel, mais fáceis e versáteis para diferentes ocasiões, dominaram a categoria, com exceção de algumas propostas pontuais que destacaram detalhes vibrantes. Já os tons elétricos e saturados coloriram peças de silhuetas mais ousadas - como a capa violeta bufante ou o vestido vermelho de decote profundo e cintura rebaixada.
Os pretos e azul-escuros alternaram-se entre looks de proposta austera e sofisticada - adjetivos naturalmente associados a essas cores - e produções com um toque provocativo e rebelde, reforçado por transparências, fendas e decotes. Por fim, os brancos e offwhites surgiram em versões etéreas, leves e românticas.
Um olhar geral para a coleção revela uma moda dominada por comprimentos míni, cinturas predominantemente baixas - marcadas com cintos pretos - e pelos clássicos sapatos bicolores. A criação dos sapatos claros com bicos arredondados em preto também é creditada à Chanel, e cerca de 50 dos 55 looks desfilados foram finalizados com essa proposta.
Além das referências visuais, o desejo por liberdade - elemento central na história de Gabrielle Chanel e um fator-chave em sua trajetória, que revolucionou a maneira como as mulheres se vestiam e abriu caminhos para a moda como a conhecemos hoje - também esteve presente. Essa influência ficou evidente, principalmente, na escolha da beleza para o desfile, que trouxe um visual descomplicado: cabelos ao natural e com movimento, pele com aparência de "cara lavada" e batons vermelhos, marca registrada da Chanel.
VERMELHO. A estilista foi pioneira ao lançar batons com pigmentação intensa em 1924 e responsável por criar a tonalidade mais vendida de todos os tempos, o icônico vermelho intenso Chanel 99 Pirate.
Ao assistir ao desfile, no entanto, torna-se evidente a ausência de uma mente criativa que lidere novos caminhos e desperte desejos inesperados para a Chanel. A maison atravessa um hiato criativo, e a enorme responsabilidade de conduzi-la a um novo momento caberá ao belga Mathieu Blazy. Ele conquistou o coração da indústria com seu trabalho na italiana Bottega Veneta, na qual atuou de 2021 a 2024. Blazy se prepara para apresentar sua visão para a Chanel na próxima semana de prêt-à-porter, em outubro de 2025.
"Com seu uso marcante do preto, a couturière Gabrielle Chanel provocou uma grande revolução estética. No entanto, também era uma excelente colorista. Trabalhou com todas as cores do espectro, dos pretos aos brancos, dos tons pastel mais suaves aos mais vibrantes"
Chanel
Sobre a cartela cromática, fundamental para a coleção
O Estado de S.Paulo
"Com seu uso marcante do preto, a couturière (Gabrielle Chanel) provocou uma grande revolução estética. No entanto, também era uma excelente colorista. Trabalhou com todas as cores do espectro, dos pretos aos brancos, dos tons pastel mais suaves aos mais vibrantes", define a marca. A cartela cromática, aliás, é fundamental para entender a coleção, que também se inspira em uma das frases icônicas de Chanel: "O conforto tem formas. O amor tem cores".
ÍCONE. Na passarela, montada em formato de duplo C - uma referência ao monograma da maison - dentro do icônico Grand Palais, símbolo parisiense que completa 150 anos em 2025 e foi palco de alguns dos desfiles mais emblemáticos da marca, a coleção apresentou silhuetas e propostas em perfeita harmonia com as cores escolhidas. A alfaiataria em tweed, um ícone indiscutível da Chanel, cruzou a passarela em variadas versões. Os tons pastel, mais fáceis e versáteis para diferentes ocasiões, dominaram a categoria, com exceção de algumas propostas pontuais que destacaram detalhes vibrantes. Já os tons elétricos e saturados coloriram peças de silhuetas mais ousadas - como a capa violeta bufante ou o vestido vermelho de decote profundo e cintura rebaixada.
Os pretos e azul-escuros alternaram-se entre looks de proposta austera e sofisticada - adjetivos naturalmente associados a essas cores - e produções com um toque provocativo e rebelde, reforçado por transparências, fendas e decotes. Por fim, os brancos e offwhites surgiram em versões etéreas, leves e românticas.
Um olhar geral para a coleção revela uma moda dominada por comprimentos míni, cinturas predominantemente baixas - marcadas com cintos pretos - e pelos clássicos sapatos bicolores. A criação dos sapatos claros com bicos arredondados em preto também é creditada à Chanel, e cerca de 50 dos 55 looks desfilados foram finalizados com essa proposta.
Além das referências visuais, o desejo por liberdade - elemento central na história de Gabrielle Chanel e um fator-chave em sua trajetória, que revolucionou a maneira como as mulheres se vestiam e abriu caminhos para a moda como a conhecemos hoje - também esteve presente. Essa influência ficou evidente, principalmente, na escolha da beleza para o desfile, que trouxe um visual descomplicado: cabelos ao natural e com movimento, pele com aparência de "cara lavada" e batons vermelhos, marca registrada da Chanel.
VERMELHO. A estilista foi pioneira ao lançar batons com pigmentação intensa em 1924 e responsável por criar a tonalidade mais vendida de todos os tempos, o icônico vermelho intenso Chanel 99 Pirate.
Ao assistir ao desfile, no entanto, torna-se evidente a ausência de uma mente criativa que lidere novos caminhos e desperte desejos inesperados para a Chanel. A maison atravessa um hiato criativo, e a enorme responsabilidade de conduzi-la a um novo momento caberá ao belga Mathieu Blazy. Ele conquistou o coração da indústria com seu trabalho na italiana Bottega Veneta, na qual atuou de 2021 a 2024. Blazy se prepara para apresentar sua visão para a Chanel na próxima semana de prêt-à-porter, em outubro de 2025.
"Com seu uso marcante do preto, a couturière Gabrielle Chanel provocou uma grande revolução estética. No entanto, também era uma excelente colorista. Trabalhou com todas as cores do espectro, dos pretos aos brancos, dos tons pastel mais suaves aos mais vibrantes"
Chanel
Sobre a cartela cromática, fundamental para a coleção
O Estado de S.Paulo