Ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia) assinou portaria para contratação de energia para horários de pico; certame está previsto para junho
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, assinou a portaria que libera o aguardado leilão de reserva de capacidade. A medida deve ser publicada no Diário Oficial da União desta quinta (2). O leilão está previsto para junho deste ano e só devem participar hidrelétricas e usinas movidas a gás e biocombustíveis.
Durante um seminário em Belém (PA) no fim de novembro de 2024, Silveira sinalizou que a portaria sairia até o fim do ano passado, mas houve atrasos na definição das diretrizes.
Uma das principais discussões envolveu o veto à contratação de geradoras a diesel e carvão. Nenhuma empresa do ramo poderá participar da disputa.
Em contrapartida, pela primeira vez, haverá espaço cativo para a energia proveniente de biocombustíveis.
O leilão se destina à ampliação de energia garantida ao Sistema Interligado Nacional nos momentos de pico, a chamada rampa de consumo.
Apesar do crescimento acelerado de fontes limpas, como eólica e solar, elas não dão conta de atender à demanda imediata, o que pode ser feito pelas hidrelétricas e termelétricas.
"Será uma grande oportunidade de adicionar potência ao sistema com recursos de menor valor para o consumidor", disse Marisete Pereira, ex-secretária-executiva do Ministério de Minas e Energia que hoje preside a Abrage (Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Elétrica).
Segundo ela, o leilão permitirá que as usinas existentes possam acrescentar 7,5 GW (Gigawatts) com inserção de novas turbinas e outros 11 GW com modernização de equipamentos.
"Será um bom reforço para dar conta das projeções de aumento da rampa de consumo que, até 2028, deve passar de 38 GW do horário entre 16h e 20h, para 58 GW."
"Hoje, há excesso de energia, mas as fontes solar e eólica não conseguem garantir a confiabilidade do sistema nos horários de maior consumo."
O consumo de um país a mais
Segundo dados do ONS (Operador Nacional do Sistema), operadores de mercado estimam que o governo terá de contratar energia equivalente ao consumo de Portugal só para atender à rampa.
A ideia do governo é destinar mais energia para esse grupo e para térmicas a gás.
No caso das térmicas, nada muda. Nas hidrelétricas, o governo quer ampliar a capacidade de geração das usinas já existentes.
Ou seja: quem vencer o leilão, terá, por exemplo, de instalar mais turbinas nas barragens. A ideia é que ampliem a produção. Não haverá contratação de novas usinas.
Hoje, diversas delas têm como ampliar a capacidade já instalada. É o caso de Bento Munhoz da Rocha Neto, da Copel, e de Porto Primavera, da Cesp.
O maior estímulo será para os parques movidos a biocombustíveis, como etanol ou biodiesel. Eles terão uma cota de energia reservada e não competirão com as demais fontes.
As usinas novas desse grupo terão contratos de 15 anos e as existentes, de sete anos, desde que ofereçam tarifa mais baixa do que as novas.
As entregas de energia começarão a partir de setembro de 2025 e, de 2026 até 2030, em julho.
Com Diego Felix
Folha de S.Paulo
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/painelsa/2025/01/megaleilao-injetara-um-portugal-em-energia-no-brasil.shtml